Sustentabilidade

Investimento anual em transição energética deve dobrar para alcance do net-zero, aponta BNEF

Investimento anual em transição energética deve dobrar para alcance do net-zero, aponta BNEF

A BloombergNEF (BNEF) divulgou nesta quarta-feira, 21 de julho, o New Energy Outlook 2021, relatório anual que indica a necessidade de investimentos entre US$ 92 trilhões e US$ 173 trilhões em transição energética para que o mundo alcance a neutralidade de emissões de carbono (net-zero) até 2050.

Para alcançar esse objetivo, o investimento anual precisará mais do que dobrar, passando de cerca de US$ 1,7 trilhão por ano hoje, para algo em torno de US$ 3,1 trilhões e US$ 5,8 trilhões por ano, em média, nas próximas três décadas. O relatório apresenta três cenários distintos – identificados como Verde, Vermelho e Cinza – nos quais a neutralidade de carbono é atingida com uma combinação de diferentes tecnologias.

“Os investimentos de capital necessários para alcançar a neutralidade de carbono criarão enormes oportunidades para investidores, instituições financeiras e o setor privado, além de muitos novos empregos na economia verde”, diz Jon Moore, CEO da BNEF.

Dessa forma, aportes em energia renovável e eletrificação são considerados a base para a transição e devem ser acelerados imediatamente, enquanto o hidrogênio, a captura de carbono e as novas usinas nucleares modulares, indicados como ferramentas emergentes, devem ser desenvolvidas e implementadas o mais rápido possível.

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Um dos destaques da análise da BNEF é a construção de orçamentos de emissões, setor por setor. Juntos, estes orçamentos mostram que as emissões mundiais relacionadas à energia precisam cair 30% abaixo dos níveis de 2019 até 2030, e 75% até 2040, para atingir a neutralidade de carbono até 2050.

Com isso, o setor de eletricidade é o que mais precisa se desenvolver na próxima década, reduzindo as emissões em 57%, a partir dos níveis de 2019, até 2030, e em 89% até 2040. No entanto, cada setor da área de energia precisa reduzir as emissões de forma acentuada para alcançar a neutralidade de carbono (net-zero).

A BNEF ainda aponta que mais de três quartos dos esforços para redução de emissões nos próximos nove anos depende do setor de eletricidade e de uma implantação mais rápida de energia eólica e solar fotovoltaica. Outros 14% são obtidos com maior uso de eletricidade em transportes, no aquecimento em edifícios e no fornecimento de calor de baixa temperatura na indústria.

O relatório também indicou o adicional de capacidade instalada por fonte e tecnologias por ano até 2030 para o alcance da net-zero em 2050, sendo: 505 GW de energia eólica (5,2 vezes o total de 2020); 455 GW de solar fotovoltaica (3,2 vezes o total de 2020); 245 GWh de baterias (26 vezes o total de 2020); 35 milhões de veículos elétricos (11 vezes o total de 2020); e implantação de 18 milhões de bombas de calor.

Outras métricas ainda indicam a necessidade de mudanças até 2030, como: que os combustíveis sustentáveis para aviação devem representar 18%; aumento do volume de reciclados de alumínio em 67%, de aço em 44% e de plástico em 149%, em relação aos níveis de 2019; e aumento do uso de eletricidade para calor de baixa temperatura na indústria em 71%, em relação aos níveis de 2019; redução da geração a carvão em 72%, em relação aos níveis de 2019, e aposentar cerca de 70% de usinas a carvão, ou 1.417 GW.

Cerca de 83% da energia primária é representada por combustíveis fósseis, e 1,3% por energia eólica e solar fotovoltaica. No cenário Verde da BNEF, que prioriza energia limpa e hidrogênio verde, a energia eólica e solar crescem para 15% da energia primária em 2030, e 70% em 2050.

No cenário Vermelho, que prioriza nuclear para a produção de hidrogênio, o combustível nuclear representa 66% da energia primária em 2050, em comparação com 5% de hoje. Por outro lado, no cenário Cinza da BNEF, onde o uso amplo da captura e armazenamento de carbono significa que o carvão e o gás continuam a ser utilizados, os combustíveis fósseis diminuem apenas 2% ao ano, para 52% do fornecimento da energia primária em 2050, com eólica e fotovoltaica crescendo para 26%.

Segundo a BNEF, o hidrogênio deve escalar rapidamente, em comparação com sua atual pequena participação no mercado, mas a importância de seu papel varia bastante em cada cenário. A nova demanda de hidrogênio em 2050 é de apenas 190 milhões de toneladas métricas no cenário Cinza da BNEF, em comparação com 1.318 milhões de toneladas no cenário Verde, onde aumenta para cerca de 22% do total do consumo final de energia, comparado com menos de 0,002% de hoje.