O governo estuda a possibilidade de dar bônus aos consumidores residenciais que pouparem energia nos próximos meses. A medida ainda está em estudo, mas o mais provável é que seja feita em forma de abatimento das futuras contas de luz, após a comprovação da economia.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, deputado Edio Lopes (PL-RR), afirmou que o programa deve ter início em setembro e se estender até dezembro, caso haja até lá sinalização de uma melhora na situação hídrica do país. A expectativa, segundo ele, é de que a medida resulte na economia de 1.000 megawatts até o fim do ano, potência suficiente para atender o estado de Sergipe, por exemplo.
“Só tem duas formas de uma espécie de bônus. Uma seria um crédito em faturas futuras e a outra seria um bônus de alguma forma em espécie monetária, que acho um pouco difícil”, disse. Segundo ele, a definição de quanto será o bônus e como será pago deve sair na semana que vem para que o programa seja implementado.
A proposta foi discutida em reunião, na terça-feira (03/08), pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Em nota, o órgão informou apenas que o Ministério de Minas e Energia (MME) solicitou à Afência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que faça estudos sobre o programa, que deve ser voluntário.
Brasil tem mais de 2 GW de termelétricas operando sem contrato
O Canal Energia informa que o Brasil tem, atualmente, 2,06 GW de usinas térmicas operando sem contrato de comercialização. A medida é para dar segurança ao sistema e evitar um possível risco de desabastecimento, mas pressiona ainda mais os custos da energia. As usinas são Araucária (PR), com (480MW), Cuiabá (MS), com 490 MW, Termomacaé (RJ), com 900MW, e William Arjona (MS), com 190 MW.
Conhecidas como usinas Merchant (no jargão do setor), todas elas operam a gás natural, porém são tão caras quanto usinas a óleo combustível e óleo diesel, visto que geram energia com um Custo Variável Unitário (CVU) alto, necessário para cobrir os gastos operacionais do empreendimento no tempo que ficam paradas, explica a reportagem. A mais cara de todas é a térmica William Arjona, com custo de R$ 1.741,11/MWh.
Segundo o diretor-presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, essa pressão ocorre porque algumas usinas Merchant têm um preço de CVU maior do que outras usinas. “Essas usinas sem contrato têm que colocar no CVU, além do preço do combustível, o preço para remunerar o investimento”, que segundo Xisto, encarece mais o valor do MWh. “Essas usinas são exceção. As usinas com contrato têm um CVU bem menor”, afirma.
Dividendos da Petrobras podem ajudar governo a conter preços dos combustíveis
Conforme informado ontem (05/08), a Petrobras vai antecipar o pagamento de R$ 32 bilhões em dividendos a seus acionistas. A maior beneficiada, com R$ 15,4 bilhões, será a União, sócia majoritária da petrolífera. Além disso, a estatal trabalha com o Ministério de Minas e Energia (MME) para criar um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, ideia é, com o dinheiro, aliviar os consumidores, que estão pagando cada vez mais caro pelos produtos da estatal, à medida que a cotação do petróleo dispara no exterior.
A antecipação dos dividendos foi bem recebida pelo mercado, que viu na medida a melhor solução para evitar possíveis intervenções políticas na gestão da empresa para baixar os preços dos combustíveis. “O Fundo Brasil, a ser integrado pela rede de resultados que a União tem direito e por recursos de privatizações e de venda de imóveis públicos, alinharia o interesse da Petrobras, minoritários e controlador”, disse o UBS, em relatório, projetando para 2022 dividendos de U$ 15 bilhões.
O Fundo Brasil é uma proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para pagar precatórios e benefícios sociais. Mas não foi definido, por enquanto, se o fundo de estabilização dos preços dos combustíveis terá relação com o Fundo Brasil. De qualquer forma, a ideia de utilizar os ganhos com as estatais para solucionar lacunas econômicas agrada o mercado.
Petrobras contrata JPMorgan para vender participação na Braskem, diz agência
A Petrobras contratou o banco JPMorgan como assessor para vender sua participação na petroquímica Braskem, disseram três fontes a par do assunto. Ontem (05/08) pela manhã, executivos da Petrobras disseram em teleconferência com investidores que tinham contratado assessores para vender sua fatia na Braskem, sem dar mais detalhes.
O conglomerado Novonor (novo nome da Odebrecht, maior acionista da Braskem) retomou a venda do controle acionário da Braskem em abril, mas até agora não encontrou comprador. A Petrobras, que também tem interesse em vender sua participação na empresa, tem sido mais favorável à venda por meio de uma oferta de ações, mas a Novonor, como acionista controladora, prefere a venda do ativo porque busca um prêmio por sua fatia controladora. Em recuperação judicial, a Odebrecht precisa levantar recursos para pagar seus credores. A Petrobras não comentou o assunto. (Folha de S. Paulo – com informações da agência Reuters)
PANORAMA DA MÍDIA
A escalada da tensão política entre Executivo e Judiciário e a discussão na Câmara sobre o voto impresso são os principais destaques da edição de hoje (06/08) dos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.
A ameaça do presidente Jair Bolsonaro de usar armas “fora das quatro linhas da Constituição” irritou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e levou o presidente da corte, Luiz Fux, a fazer um discurso contundente. Fux disse que “Bolsonaro não cumpre a própria palavra” e anunciou o cancelamento da reunião entre os chefes dos Três Poderes que havia convocado.
“Como afirmei em pronunciamento por ocasião da abertura das atividades jurisdicionais deste semestre, diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que, infelizmente, não temos visto no cenário atual.” Para justificar o cancelamento da reunião entre os Poderes, Fux disse que o pressuposto para o diálogo é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes.
*****
Os maiores bancos do país, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander tiveram juntos um lucro ajustado de R$ 28,4 bilhões no primeiro semestre, crescimento de 54,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A carteira de crédito combinada dos quatro teve alta de 10,3%, alcançando R$ 2,9 trilhões.
O Valor Econômico informa que os bancos apostam que o 2º semestre virá ainda mais forte que a primeira metade deste ano, em razão da recuperação da economia, avanço da vacinação e uma inadimplência próxima às mínimas históricas. A dúvida de analistas, porém, é se a demanda por crédito se manterá aquecida diante da alta da taxa Selic.