Sem chuvas e com alta do consumo de energia elétrica, o nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste alcançou o menor patamar, pelo menos, desde a crise de 2001, quando ocorreu o maior racionamento da história do Brasil, conforme mostra reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Em 2000, ano que precedeu o apagão, as represas estavam com 20,8% do armazenamento e, em 2001, já com programa de redução compulsória de energia, em 21,76%. Neste ano, até o dia 15 de setembro, último dado do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível era de 18,23%.
Ainda de acordo com a reportagem, esse porcentual deve continuar em queda até novembro, quando pode romper a barreira de 10% – o que representa um desafio e um risco maior para a operação do sistema. No mercado, a combinação entre o consumo e a baixa dos reservatórios já levanta dúvidas se o governo conseguirá equilibrar oferta e demanda de energia para evitar um racionamento, mesmo que pequeno, da ordem de 5%.
Grandes consumidores vão ao Cade para avaliar venda da Gaspetro para a Cosan
O jornal O Estado de S. Paulo informa que a Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) protocolou no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um pedido para figurar como terceira interessada no Ato de Concentração que avalia a venda da Gaspetro, pela Petrobras, para a Compass Gás e Energia, do Grupo Cosan por R$ 2 bilhões.
Para a Abrace, a operação dará enorme poder de mercado à Cosan, que já é dona da Comgás. Com a aquisição da Gaspetro, a empresa passará a deter participação em outras 19 distribuidoras de gás canalizado, o que teria implicações sobre a concorrência no setor e os preços pagos pela indústria. Quase 40% do gás consumido no país no setor industrial vão para as associadas da entidade.
Além da Abrace, a Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás) e a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) também pediram para figurar no processo como partes interessadas. As preocupações são semelhantes: manutenção da concentração no mercado de gás natural, mas desta vez nas mãos de uma empresa privada. As três associações que entraram com o pedido no Cade também alegam que a compra da Gaspetro pela Cosan contraria os preceitos do Novo Mercado de Gás, que prevê a dissolução dos monopólios no setor. Procurada, a Cosan não se manifestou até a publicação da reportagem.
Inflação de energia deve desacelerar em 2022, mas alívio no bolso será parcial
Apesar da perspectiva hídrica ruim para 2022, a expectativa dos economistas é de desaceleração da inflação de energia no ano que vem. A devolução, no entanto, é apenas parcial e, no bolso do consumidor, os efeitos são mais negativos. A energia residencial no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá pouco mais de 20% neste ano, segundo economistas, vindo de 9,14% em 2020. O índice cheio, por sua vez, deve saltar 8,29% em 2021, pela mediana das projeções colhidas ontem pelo Valor Econômico com cem instituições financeiras e consultoria.
Considerando apenas a mudança da bandeira tarifária de “escassez hídrica” (mais R$ 14,20 para cada 100 quilowatt-hora consumidos), criada para fazer frente à crise atual, no fim de 2021 para vermelha 1 (R$ 3,97) ao término de 2022, a energia poderia registrar queda de 12% no IPCA do próximo ano, segundo Tatiana Nogueira, economista da XP. Com a previsão de um reajuste anual médio de 9% nas distribuidoras, contra 5,6% estimados neste ano, porém, ela projeta uma deflação de 6,2%.
PANORAMA DA MÍDIA
O anúncio feito ontem (16/07) pelo governo, da decisão de aumentar as alíquotas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF), entre 20 de setembro a 31 de dezembro, é o principal destaque da edição desta sexta-feira dos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo.
O Ministério da Economia projeta arrecadar R$ 2,14 bilhões em 2021 com a medida e usar os recursos para bancar a criação do Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, com valores mais altos até o fim deste ano – provavelmente, R$ 300 em média. (Valor Econômico)
O Ministério da Economia confirmou as novas alíquotas diárias que serão cobradas: Pessoas jurídica: subirá de 0,0041% (o equivalente a alíquota anual de 1,5%) para 0,00559% (alíquota anual de 2,04%); Pessoas físicas: de 0,0082% (alíquota anual de 3,0%) para 0,01118% (alíquota anual de 4,8%). (O Estado de S. Paulo)
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O Instituto Datafolha informa que a avaliação do presidente Jair Bolsonaro piorou; reprovação de 53% é o novo recorde do presidente. A pesquisa foi realizada nos dias 13 a 15 de setembro, quando o instituto ouviu presencialmente 3.667 pessoas com mais de 16 anos, em 190 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. (Folha de S. Paulo)
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O Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica na quarta-feira (15/09) recomendando que não haja vacinação em adolescentes sem comorbidades. A nova orientação revisa uma diretriz anterior da pasta e restringe a imunização a “adolescentes de 12 a 17 anos que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade, apesar da autorização pela Anvisa do uso da Vacina Cominarty (Pfizer/Biontech)”.
O jornal O Globo informa que o ministro reviu orientação após questionamento do presidente Jair Bolsonaro e, também, que os técnicos do Programa Nacional de Imunização (PNI) não foram consultados.