As baterias para armazenamento de energia elétrica em larga escala já são praticamente viáveis, associadas à projetos de geração renovável, de acordo com executivos que participaram hoje do evento Brazil Energy Frontiers, promovido pelo instituto Acende Brasil.
“Precisamos discutir o uso de bateria em grande escala. Hoje, se compararmos com os leilões de termelétricas que aconteceram, as baterias de grande escala já são viáveis. Já conseguimos trabalhar com resposta da demanda com baterias, isso já existe”, disse Guilherme Lencastre, presidente do conselho de administração da Enel Brasil desde abril deste ano. Antes disso, foi diretor de infraestrutura e redes do grupo.
Segundo Lencastre, falta regulamentação para o uso das baterias, mas mesmo sem incentivos e subsídios, a tecnologia está quase atingindo o break even, ou seja, o ponto de equilíbrio a partir do qual será financeiramente viável. “Com certeza estão melhores que uma térmica a gás, e com a mesma flexibilidade, sendo um projeto que coloco em operação em 12 meses”, disse.
“Hoje, há empresas de mineração brasileiras desenvolvendo tecnologias de baterias no Brasil, gente jogando o jogo muito a sério”, disse André Clark, presidente da Siemens Energy. Segundo o executivo, o país não está preparado para as baterias, mas está “no caminho adequado”. “Concordo que não é um futuro tão distante, é só planejar como fazer e chegaremos lá, perfazendo uma importante oportunidade de reindustrialização no Brasil”, disse.
O avanço rápido das tecnologias foi assunto discutido no painel. “Antes, a gente olhava os três D’s, descarbonização, digitalização, e descentralização, e falávamos que isso era o futuro da energia, do mundo. E esse futuro já chegou, estamos olhando para a frente e o mundo é um laboratório de experiências”, disse Cristopher Vlavianos, presidente do conselho da Comerc.
Junto do avanço das tecnologias, a flexibilidade é um dos pontos essenciais no desenvolvimento do setor elétrico, que cresce cada vez mais ancorado em fontes renováveis e não despacháveis como eólica e solar. Para Giovani Machado, diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a flexibilidade envolve não só tecnologia, mas também complementariedade de portfólio, como o que acontece no Brasil com os empreendimentos de geração eólica e solar.
As usinas a gás natural, por sua vez, podem ser hibridizadas com biogás e metano, o que diminui a emissão de gases poluentes e eficientiza uma fonte que já tem a vantagem de ter despacho rápido para atender picos de carga.
Outra tecnologia citada por Machado são os pequenos reatores nucleares modulares, que permitem flexibilidade e segurança no atendimento. “Além disso, você pode usar os módulos que não estão em operação para fazer hidrogênio rosa, a eletrólise da água a partir da geração termonuclear”, apontou o diretor da EPE.