No que tange ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável, a região Amazônica sempre ocupou um papel de destaque nacional e internacional, seja pelos recursos naturais ou questões sociais. No entanto, para o vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), Hamilton Mourão, a região da Amazônia Legal é composta de várias “Amazônias” e, com cerca de 83% da floresta ainda intacta, deve receber mais investimentos em infraestrutura.
“A Amazônia deve ser explorada com o olhar do século 21”, afirmou Mourão durante painel no estande brasileiro da COP26 em Glasgow, na Escócia. Quanto às hidrelétricas como a de Belo Monte, o vice-presidente argumentou que elas não aproveitam toda a sua capacidade energética com o intuito de preservar o seu entorno, que não pode ser totalmente alagado por conta da natureza e das comunidades que ali habitam.
Nesse sentido, explorar a Amazônia com o olhar do século 21 é, para o vice-presidente, “desenvolver a Amazônia sem derrubar uma única árvore”, ainda que a realidade não tenha alcançado esse futuro pretendido para a região. Como exemplo de práticas socioambientais desenvolvidas na região, o vice-presidente ressalta a existência de diversos projetos de mineração comprometidos com o meio ambiente, exemplificando o caso da Vale, que está há mais de 30 anos atuando na região.
Sobre a atuação do CNAL, o Conselho não possui função executiva, agindo como um coordenador de integração das políticas públicas regionais. Nesse sentido, Mourão explica a importância da bioeconomia para o desenvolvimento da Amazônia, que deve levar três fatores em consideração, sendo eles: o mapeamento da cadeia de valor, o investimento em infraestrutura e o financiamento. Para tal, é necessário que o Estado brasileiro tenha uma política consistente e permanente para a Amazônia, sempre respeitando os parâmetros ambientais da região.
Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente, complementa a fala do presidente quando diz que “se a gente também colocar junto ao produto da bioeconomia da Amazônia o valor da atividade de proteger florestas, nós vamos com certeza fazer uma política que vai proteger o território”, inserindo a questão do pagamento por serviços ambientais no diálogo.
Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostram um aumento de 7,13% da área desmatada por corte raso nos nove estados da Amazônia Legal em 2020 (10.851 km²), em comparação com o ano de 2019. Em vistas da maior taxa de desmatamento registrada no país desde 2008, organizações internacionais e nacionais, como a WWF, e diversos países do globo criticaram as atuais ações empreendidas pelo governo brasileiro na região.
Mourão e Leite falaram no painel sobre os resultados e perspectivas do CNAL nesta quinta-feira, 4 de novembro, em participação na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), que ocorre entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.