Sustentabilidade

COP26: Governadores lançam Consórcio Brasil Verde e fazem reuniões para atrair investimentos

COP26: Governadores lançam Consórcio Brasil Verde e fazem reuniões para atrair investimentos

Os governadores presentes na 26° Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática (COP-26), que acontece em Glasgow, na Escócia, fizeram o lançamento nesta quinta-feira, 4 de novembro, do Consórcio Brasil Verde, iniciativa do movimento Governadores pelo Clima.

Ao todo, 22 estados compõem o consórcio: Alagoas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Após o lançamento, os governadores Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Mato Grosso se reuniram com o secretário adjunto especial pelo Clima dos Estados Unidos, Jonathan Pershing, que colocou à disposição para ouvir as preocupações dos governadores com relação ao assunto.

Segundo o consórcio, Pershing reforçou o interesse dos EUA em contribuir e ajudar os estados, devido à relutância do governo federal em cooperar no avanço da questão. O secretário e os governadores conversaram sobre formas para que essa cooperação possa ocorrer.

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Confira os planos apresentados por alguns estados:

Espírito Santo

“Devido ao afastamento do governo federal desse tema ambiental, as instituições buscam alternativa e ficaram felizes com a nossa proposta. Não queremos substituir o governo federal, mas pela nossa capacidade de investimento, articulação e apoio, podemos ter um protagonismo no alcance das metas estabelecidas.”, ressaltou Renato Casagrande, governador do Espírito Santo e líder do consórcio.

Durante o evento, o governador abordou a importância da criação de planos estaduais para a redução das emissões de carbono, reforçando o protagonismo dos estados para auxiliar o país a atingir as suas metas. “Temos que elaborar um plano, não dos governos, mas sim da sociedade, para chegar ao ano de 2050 com os caminhos já traçados”, destacou.

Casagrande reforçou que o governo vem realizando investimentos estruturantes. “Temos um nível bom de investimento em adaptações, assim como em programas de recuperação florestal, como o Reflorestar. Ainda utilizamos parte dos recursos dos royalties de petróleo para financiar o pagamento por serviços ambientais. Estamos desenvolvendo ainda o Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem, com recursos provenientes de financiamento junto ao Banco Mundial”, acrescentou.

Rio Grande do Sul

Eduardo Leite, presente na COP26, também participou de debate sobre a exploração do carvão mineral e destacou a fatia da fonte no Brasil, com 2% da produção energética. No Rio Grande do Sul essa dependência é maior, de 15%, mas ainda bem menor do que a dependência de países da Europa, que beira os 40%. Além disso, segundo o governador, 80% da energia gerada no estado vem de fontes renováveis.

“Para quem é afetado, é 100%. Temos a questão ambiental, mas temos também a econômica: se não houver oferta de oportunidades, não adianta fazermos apenas campanha de malefícios. Há comunidades inteiras que dependem dessa produção”, destacou o governador.

Equipes do governo do Rio Grande do Sul estão empenhadas em viabilizar a redução do funcionamento de usinas movidas a carvão, com oferta de alternativas econômicas. “É ainda uma trajetória incipiente, mas temos vontade de promovermos a sustentação para uma política que vai atravessar governos”, disse, lembrando que o RS estuda a possibilidade de geração de hidrogênio verde.

Minas Gerais 

O governo de Minas Gerais ressaltou seu ingresso no O Race to Zero, uma campanha global para reunir lideranças com objetivo de alcançar emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050, o que deverá limitar o aumento da temperatura global a 2ºC.

Com a adesão, Minas se comprometeu a convergir esforços para reduzir e neutralizar a emissão de gases do efeito estufa. Atualmente, grande parte dessas emissões acontecem nos setores de agropecuária (32%) e energia (31%).

Além disso, a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, participou de reunião com representantes do Departamento de Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido e da Embaixada Britânica. O encontro tratou do financiamento de projetos em áreas florestais e mercados de carbono.

O estado tem a meta de reflorestar 3,7 milhões de hectares em áreas rurais até 2030. “Foi um momento de troca de experiências em que falamos também sobre desmatamento irregular e técnicas de monitoramento que outros países já utilizam, com apoio do governo britânico, e que podem ser aplicadas em Minas Gerais”, explica Marília Melo.

Piauí 

Atualmente, o Piauí possui 60 usinas de energia solar em operação e ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de energia eólica do país, produzindo 3,8 GW. São 116 empreendimentos autorizados para captar energia dos ventos no Estado.

O governador do Piauí, Wellington Dias, ainda apresenta no evento o edital PRO Verde, que pretende plantar um milhão de novas árvores nos cinco principais biomas do Piauí: Cerrados, Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica.

A captação de recursos prevista para o projeto é de US$ 8 milhões, sendo US$ 8 por árvore, que serão aplicados na coleta de sementes nativas pelo povo nativo destas regiões, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a população. O início do plantio está previsto para o primeiro trimestre de 2022.

Mato Grosso

O governador Mauro Mendes apresentou, os avanços em relação à preservação ambiental e as estratégias para neutralizar a emissão de carbono no estado até 2035, 15 anos antes da meta global.

“Tivemos uma conferência com a participação das entidades do terceiro setor, do governo do Reino Unido, da Noruega, Holanda, e outras instituições que participaram de forma online”, relatou.

Mauro Mendes detalhou que o estado tem obtido resultados expressivos não só com a execução de uma produção sustentável, mas com a redução do desmatamento ilegal (20%) e dos incêndios florestais (54%).

O fato de Mato Grosso possuir 62% do território preservado e ainda assim ser o maior produtor de alimentos do Brasil, e um dos maiores do mundo, foi citado pelo governador como uma prova inequívoca de que é possível produzir em larga escala com respeito ao meio ambiente. “Mostramos a nossa política ambiental e a nossa estratégia para zerar a emissão de carbono da nossa economia até 2035, e queremos com isso valorizar a nossa produção”, disse Mendes.

Rio Grande do Norte 

De forma online, a governadora Fátima Bezerra também participou da COP26, e destacou que o cenário da política ambiental hoje no Brasil é de retrocesso. Segundo ela, em menos de três anos, aumentou o desmatamento, as queimadas, o avanço do garimpo em áreas de preservação, o desmonte de órgãos de proteção contra crimes ambientais e mudança da base de cálculo das metas brasileiras para poluir mais.

De acordo com a governadora, “uma mostra disso é que, embora no Brasil tenhamos uma das matrizes mais baratas para produzir energia, estamos vivenciando grandes aumentos nas contas de luz, fazendo com que o povo brasileiro pague uma das tarifas mais caras do mundo. Apenas em 2021 já ultrapassamos 30% de aumento na conta de luz. Para o ano de 2022, há previsão de reajustes de mais de 17% ao ano”.

A governadora defendeu que é preciso “humanizar” o setor energético. “Pensar uma transição energética que tenha como centro a questão climática e que seja parte de um modelo de enfrentamento à miséria e às condições de vida precárias”.