A crise hídrica e o risco de um novo racionamento de energia este ano colocaram novamente em evidência o mercado de aquecimento solar brasileiro. O segmento, que se desenvolveu no país na esteira da crise energética do início dos anos 2000, prevê um novo salto impulsionado pelas restrições na oferta no sistema elétrico brasileiro e pela explosão tarifária.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol), Oscar de Mattos, a previsão do setor é fechar 2021 com mais de 1 mil megawatts (MW) de capacidade instalada adicional de aquecedores solares no país. Para o ano seguinte, a expectativa é de um crescimento da ordem de 30%.
“A cada ano, entregamos mais do que uma turbina de Itaipu”, afirmou o executivo à MegaWhat.
Mattos destaca que, na comparação com o painel solar fotovoltaico para geração de energia, o aquecedor solar é, no mínimo, quatro vezes mais eficiente, com relação ao processo de aquecimento de água. Além disso, segundo ele, o período de retorno do investimento no aquecedor solar é, em média, de dois anos.
“O grande vilão do consumo de energia é o chuveiro elétrico. Não é só a quantidade [de energia consumida], mas a hora de consumo [no horário de pico do dia]”, afirmou Mattos.
Outro ponto favorável à indústria de energia solar térmica, explicou ele, é a nacionalização da cadeia produtiva, o que reduz riscos de abastecimento de matéria-prima e evita o efeito cambial, fatores que hoje prejudicam o setor de geração solar fotovoltaica.
Pronasol
Depois da consolidação da tecnologia de aquecimento solar nos programas Minha Casa Minha Vida (MCMV) e Casa Verde e Amarela, a Abrasol trabalha agora na proposta de criação do Programa Nacional do Aquecedor Solar (Pronasol). “É uma sugestão nossa para que seja um programa de governo”, explicou o executivo.
Dentro dessa estratégia, a Abrasol destaca duas frentes. A primeira é a sugestão para a liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a aquisição de aquecedores solares. O tema já foi discutido com os ministérios de Minas e Energia (MME) e Desenvolvimento Regional (MDR) e com a Caixa Econômica Federal. “Estamos bastante otimistas”, afirmou Mattos.
A segunda proposta, em discussão com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é a utilização de recursos do Programa de Eficiência Energética das distribuidoras de energia para a aquisição dos equipamentos de aquecimento solar de água.
Criada em 2016, a associação é derivada do antigo Departamento Nacional de Energia Solar Térmica (Dasol) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicional, Ventilação e Aquecimento (Abrava).