A redução da curva de produção de petróleo e gás natural da Petrobras, divulgada na última quarta-feira, 24 de novembro, deve provocar uma redução do Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) esperado da companhia de 6%, em 2022, e de 3%, em 2023, de acordo com estimativas do Credit Suisse.
De acordo com relatório do banco, assinado pelos analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, porém, a queda na previsão de produção de óleo e gás da Petrobras, em curto prazo, deve-se principalmente à venda de ativos e à transferência de 5% de participação adicional no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, para a chinesa CNOOC. Segundo os especialistas, essas operações resultam em entradas de caixa significativas no curto prazo.
“Em nossa opinião, apenas os desinvestimentos (Albacora, Albacora Leste, Polo Potiguar, Polo Bahia Terra, Polo Carmopolis, Urucu e Polo Alagoas) poderiam levantar cerca de US$ 8,7 bilhões, enquanto a CNOOC pagará US$ 2,1 bilhões por sua participação adicional em Búzios”, afirmam os analistas no relatório.
Com relação ao plano estratégico 2022-2026, o Credit Suisse avalia que o plano seguiu a mesma linha das versões anteriores, mas com um foco ainda maior em criação de valor e retorno ao acionista.
Dividendos
A Ativa Investimentos também ressaltou a nova política de dividendos aprovada pelo conselho de administração da petroleira. A remuneração ao acionista deverá ocorrer trimestralmente, somando pelo menos US$ 4 bilhões em anos em que o preço médio do Brent seja de pelo menos US$ 40 o barril, e no caso de dívida bruta abaixo de US$ 65 bilhões.
Para outro analista ouvido pela MegaWhat em condição de anonimato, a nova política cria previsibilidade de pagamento de dividendos aos acionistas.
O ponto negativo do plano, segundo especialistas, foi com relação aos desinvestimentos. A Petrobras reduziu a previsão de venda de ativos, de US$ 25 bilhões a US$ 35 bilhões, no plano anterior (2021-2025), para US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões, entre 2022 e 2026.
“A companhia não informou detalhes sobre o estágio da venda de refinarias, que segue atrasada frente ao cronograma acertado anteriormente com o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]”, afirma a Ativa, em relatório assinado por Ilan Arbetman.
Nessa linha, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, destacou que as incertezas recentes com relação aos preços dos combustíveis no Brasil geram insegurança para os investidores interessados em adquirir as refinarias da Petrobras. Das oito refinarias do pacote de vendas da estatal, três tiveram o contrato de venda assinado e três tiveram as negociações encerradas sem sucesso.
O mercado reagiu favoravelmente ao anúncio do plano estratégico e da nova política de dividendos. Às 10h10, as ações PN da empresa eram negociadas a R$ 28,99, com alta de 2,19%. As ações ON, por sua vez, registravam alta de 1,91%, a R$ 29,85.
Em relatório, o Safra destacou ver de forma positiva a nova política de dividendos da Petrobras e o novo plano estratégico. A casa de análise reiterou a classificação de compra de papéis da petroleira.
*Texto atualizado às 10h19.