A nova metodologia para determinar os níveis regulatórios de perdas e inadimplência, aprovada ontem pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é positiva para a Light, que tem ficado abaixo das metas e historicamente sofre com furtos e fraude de energia – os famosos “gatos”.
As ações da companhia indicam a reação positiva no mercado. Por volta de 10h50, as ações ordinárias da Light (LIGT3) tinham alta de 3,26%, a R$ 22,93.
As regras aprovadas pela diretoria da Aneel ontem consideraram que o ponto de partida para apuração das perdas não técnicas na revisão tarifária periódica das distribuidoras considere 87,5% da meta de referência do ciclo anterior e 12,5% da média dos últimos três anos.
No caso das áreas com restrições severas de operação, como a Light, consideradas áreas de risco, o ponto de partida considera 75% da meta do ciclo anterior e 25% da média dos últimos três anos. A diferença partiu do reconhecimento pela agência que mesmo com o empenho do concessionário para combater as perdas, há excepcionalidades em sua atuação.
Segundo o Itaú BBA, a nova metodologia indica que a Light terá a meta de perdas regulatórias de 42%, acima do nível atual, de 36%. Considerando o mix de contratos da distribuidora, na faixa de R$ 257/MWh, a mudança deve resultar em um ganho de R$ 200 milhões para a companhia. No terceiro trimestre do ano, a Light reportou perdas não técnicas de 53,8% na baixa tensão.
Os analistas Marcelo Sá, Filipe Andrade e Luiza Candiota apontam que o custo da ineficiência da Light, atualmente na casa de R$ 1 bilhão, deve cair para R$ 800 milhões por ano. O Itaú BBA considera que a companhia vai perder R$ 400 milhões no ano com perdas de energia, e outros R$ 400 milhões com inadimplência.
As regras podem ainda melhorar para a companhia, uma vez que os diretores da Aneel discutiram a possibilidade de tratamento especial para concessões com severas restrições operacionais, como é o caso de Light e Enel Rio. “Portanto, não descartamos uma melhora nas condições quando o regulador iniciar as discussões sobre o novo reajuste tarifário da Light, provavelmente nas próximas duas semanas”, escreveram os analistas do Itaú BBA, em relatório.