Inovação

AES compra energy tech brasileira e se prepara para mercado livre de varejo

AES compra energy tech brasileira e se prepara para mercado livre de varejo

A americana AES comprou o controle da energy tech GreenAnt, em um movimento que antecipa a abertura total do mercado livre de energia e a mudança do perfil dos seus clientes, hoje majoritariamente grandes consumidores, para um público de varejo. 

“A liberação do mercado nao é algo só do Brasil, mas vai acontecer também no Chile, Colombia, algumas regiões nos Estados Unidos, e a migração desses consumidores precisa ser digital”, disse Ítalo Freitas, vice-presidente de Novos Negócios da AES na América Latina, que foi quem liderou a transação. Outros mercados que devem receber a expertise incluem Argentina e México.

Fundada em 2015, a GreenAnt é uma empresa de tecnologia de dados e desenvolve soluõçes para o uso eficiente de recursos energéticos por meio de algoritmos próprios. A AES era cliente da companhia e tinha um bom relacionamento, e quer levar essas soluções para os outros mercados em que atua. A empresa continua separada, com seus clientes próprios, e a AES, por meio de um aporte, atingiu cerca de 68% do seu capital. Não foram informados valores. A gestão continuará liderada por Raphael Guimarães, um de seus fundadores, e Freitas vai atuar de perto por meio de uma posição no seu conselho de administração.

“Seremos os principais clientes, mas ela não está proibida de vender para quem quiser, se não tiver conflito de interesses com o mercado que estamos disputando, claro”, disse Freitas.

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Com a tecnologia da GreenAnt, será possível superar alguns obstáculos da migração de pequenos consumidores, como a parte de custos. Tudo será digitalizado, centralizando a gestão de contrato, os gráficos de consumo e a parte de relacionamento com os clientes. “O cliente pequeno não vai querer se preocupar com PLD, hidrologia, sazonalidade, ele quer facilidade, da mesma forma que tem com a distribuidora”, explicou o executivo. 

O preço horário é outra questão que poderia dificultar a gestão dos pequenos clientes, mas o sistema da GreenAnt permite ter um controle sobre a carga nos horários de pico, explicou Freitas. 

Para o executivo, com a adesão em massa dos grandes consumidores aos contratos de compra de energia de longo prazo (PPAs) de fontes incentivadas, haverá uma “sobra” de energia convencional no mercado livre, que terá que migrar para os menores consumidores, que terão contratos de menor prazo e não querem preocupações como risco de submercado. “É outro perfil de cliente, e estamos vendo que eles vêm com toda a força”, afirmou.

A tecnologia vai permitir digitalizar os processos internos, a gestão de portfólio e lidar com questões como as oscilações de preços por conta da hidrologia e fatores climáticos. Usinas virtuais e resposta da demanda também são questões que devem avançar com a digitalização.

Com esse perfil de varejo dos consumidores, haverá muitas mudanças inclusive no mercado financeiro. “Hoje, quem financia a expansão são os PPAs corporativos. Daqui a pouco, será a hora de sentar e negociar, mas com outro perfil de risco, e aí você precisa de um back office bem digital com habilidades de gerenciar isso”, afirmou. 

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