A grande competição nos leilões de transmissão recentes reforça a expectativa do governo de que o mercado vai conseguir absorver os investimentos bilionários necessários no reforço do escoamento da energia renovável gerada no Norte e no Nordeste. Em evento realizado nessa quarta-feira, 19 de janeiro, para tratar do estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre a primeira fase da expansão, o coordenador-geral de planejamento da transmissão no Ministério de Minas e Energia (MME), Guilherme Zanetti, destacou que o potencial do mercado é “bastante promissor”.
O Estudo de Escoamento de Geração da Região Nordeste – Volume 1: Área Sul, elaborado pela EPE a pedido do ministério, aponta a necessidade de investimentos da ordem de R$ 18 bilhões apenas na expansão da transmissão de energia chamada área sul do Nordeste, que contempla a malha de transmissão que sai da Bahia para Minas Gerais e Espírito Santo.
Desse total, R$ 11 bilhões devem ser investidos no horizonte até 2028, com 3.200 km de novas linhas, e R$ 7 bilhões até 2030, com mais 1.700 km em linhas de transmissão acrescentados à malha, além de quatro novas subestações, sendo três na Bahia e uma no norte de Minas.
“A expectativa é positiva. Vemos leilão após leilão com aumento na competição, no interesse de empreendedores, na entrada de novas empresas estrangeiras no Brasil. Entendemos que o potencial é bastante promissor”, disse Zanetti, que acredita que “o mercado vai conseguir absorver”.
Durante o evento, o presidente da EPE, Thiago Barral, afirmou que esses estudos têm como finalidade democratizar o acesso à infraestrutura de transmissão, sobretudo em relação à integração dos projetos de geração renovável. “Há muitos projetos em desenvolvimento, muitas empresas buscando oportunidades, e a infraestrutura de transmissão é essencial para qualquer planejamento de investimento de quem esteja olhando o setor”, afirmou.
Até março, a EPE vai entregar o desenho da expansão de transmissão considerando também o restante dos estados do Norte e Nordeste com presença forte de renováveis. “Esses investimentos serão essenciais para a segurança energética no Brasil”, disse Barral.
No estudo, a EPE considerou que há 19 GW em operação de renováveis no Nordeste, e em 2025 o volume vai crescer para 34 GW, uma vez que há 6 GW já com contratos no mercado regulado, e outros 9 GW voltados para o mercado livre com parecer de acesso ou contrato de uso do sistema de transmissão (Cust) assinados.
Além desses 34 GW de renováveis, a EPE considerou, a partir de 2026, o Plano de Desenvolvimento da Expansão (PDE) 2030 considera o acréscimo de 2,5 GW ao ano, chegando a 57 GW de capacidade instalada em 2033, no cenário base.
Segundo Thais Teixeira, consultora técnica da EPE, nas projeções, a empresa de planejamento utiliza múltiplos cenários de patamar de carga média, leve, pesada e carga mínima, e para cada um desses avalia diferentes cenários de despacho por fonte e por subsistema, com objetivo de enxergar quais cenários mais vão “estressar” a rede.
“O objetivo da transmissão é prover um sistema que não seja limitador do suprimento seguro da demanda, independentemente do cenário operativo que venha se concretizar no futuro”, explicou.