Reportagem do Valor Econômico mostra que a crise hídrica, fator relevante para a derrocada do Ibovespa no segundo semestre do ano passado, agora tem dado sinais de abrandamento, o que abre espaço para uma correção em diversos setores da bolsa brasileira que ainda não teriam precificado o novo cenário.
De acordo com a reportagem, a melhora no cenário hídrico dá aval à perspectiva de um desempenho mais forte do Ibovespa à frente, ao influenciar não somente o segmento de energia, mas também ações ligadas à economia nacional, que são mais sensíveis aos juros e à inflação.
Gestores esperam que a conjuntura continue a melhorar ao menos até o fim do verão, o que pode inspirar mudanças nos portfólios. Na avaliação de Marcelo Sandri, analista de setor elétrico da Perfin Investimentos, o impacto mais forte deve ser sentido em geradoras e distribuidoras. “As geradoras hídricas sofreram muito no ano passado”, afirma. Com as chuvas intensas, o cenário para as geradoras hídricas e térmicas deve se inverter em 2022, diz Sandri. “Achamos que o setor elétrico da bolsa ainda não reagiu, em termos de preços, a uma notícia tão positiva para o segmento. A chance de um racionamento beira zero. Você tirou um risco de cauda muito grande, que foi uma nuvem que pesou de maneira intensa no ano passado”, afirma.
Os papéis preferenciais da Cesp, por exemplo, caíram 10% no segundo semestre de 2021 e sobem 6,04% este ano. No caso das distribuidoras, o analista ainda enxerga um quadro difícil, mas entende que há melhora em relação ao ano anterior. “Por mais que haja um efeito de tranquilidade do ponto de vista do suprimento, ainda devemos ter reajustes altos por conta do carrego da inflação e dos custos elevados da energia no ano passado devido ao acionamento das térmicas.”
Fitch: GSF será de déficit pelos próximos anos
A agência de classificação de risco Fitch Ratings avalia que mesmo no longo prazo o GSF (sigla em inglês para risco hidrológico) não deverá voltar a 100%. A perspectiva é de que o índice fique em 0,8 em 2022, para 2023 melhore e alcance 0,85 e de 2024 para frente em 0,9.
Com isso, a perspectiva é de que as geradoras mais expostas à fonte hídrica deixem de realizar receita por conta da necessidade de proteger-se contra esse déficit, conforme indica reportagem do Canal Energia.
De acordo com o analista Wellington Senter, um GSF de 0,8 representa 20% de receita potencial que se deixa de ter quando comparado à garantia física da companhia. No caso da Eletrobras, lembra ele, esse volume chega a cerca de 1,5 GW. Na Engie 600 MW e na AES Brasil 300 MW.
“Em nossa análise, nenhuma das três geradoras está com nível de contratação adequado ao GSF e não precisa recorrer ao mercado para recompor lastro”, comentou Senter em evento da Fitch Ratings sobre a América Latina. “Nesse momento vemos apenas a Cemig e a Aliança Energia com necessidade de comprar energia para fazer frente ao GSF”, acrescentou.
Apesar dessa análise, ele aponta que a cada 100 MW médios que as empresas deixam de negociar, são R$ 150 milhões em receita não realizada. Segundo ele, os volumes são altos em um cenário hídrico e de GSF não normalizado.
Para este ano a previsão é de que o cenário seja melhor do que foi 2021 com preços menores diante da retomada das chuvas no país. Segundo a Fitch, o PLD médio deverá ficar em R$ 190 por MWh na média, contra os R$ 274 de 2021.
Petrobras prevê novo recorde de investimentos em manutenção de refinarias em 2022
O Valor Econômico informa que a Petrobras espera bater, em 2022, um novo recorde de investimentos em manutenção de refinarias. Ao todo, a empresa pretende destinar R$ 2,5 bilhões às paradas programadas no parque de refino. Em 2021, a companhia já havia atingido a marca histórica, em valores nominais. A companhia gastou R$ 2,3 bilhões com as atividades de refino no segmento. O montante representa um aumento de mais de 50% em relação a 2020 e de mais de 20% em comparação ao recorde anterior, atingido em 2019.
Mesmo com diversas paradas programadas de manutenção, a Petrobras atingiu, no ano passado, um fator de utilização total (FUT) de refinarias de 83% em 2021, o maior índice dos últimos cinco anos. Segundo a estatal, os números refletem ganhos de eficiência na gestão das unidades.
Prumo passa a ter 100% da Açu Petróleo
A Prumo Logística, companhia controlada pelo EIG Global Energy Partners e que é dona do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), fechou um acordo para comprar a fatia de 20% da alemã Oiltanking na Açu Petróleo, informa o Valor Econômico.
Com a aquisição, a Prumo passa a deter 100% da empresa especializada em operações de transbordo de óleo. Em paralelo, a Açu Petróleo concluiu uma captação de US$ 600 milhões junto a investidores estrangeiros, numa emissão que permitirá à companhia financiar parte de seu plano de crescimento.
A reportagem explica que a Açu Petróleo tentou abrir o capital na bolsa entre 2020 e 2021, mas não encontrou as condições favoráveis para avançar com a operação. O presidente da Prumo, Tadeu Fraga, afirma, no entanto, que a empresa segue atenta às oportunidades e que uma oferta pública inicial de ações (“IPO”, na sigla em inglês) continua nos planos da companhia de transbordo.
PANORAMA DA MÍDIA
O principal destaque da edição desta quinta-feira (20/01) do Valor Econômico é o comportamento de empresas novatas na Bolsa de Valores. De acordo com a reportagem, após o momento de euforia que levou a um número recorde de aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês), o comportamento das ações de empresas novatas no mercado mostra um quadro negativo. Das 45 empresas que estrearam na B3 no ano passado, 33 acumulam desempenho inferior ao do Ibovespa desde a listagem, segundo levantamento da Trafalgar Investimentos.
Para analistas, a predominância de ofertas com performance negativa reflete, sobretudo, o impacto da alta da taxa básica Selic e dos juros de longo prazo sobre o mercado de ações. Outro fator, observam, é que os investidores estavam mais complacentes com o risco diante dos juros baixos.
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Mesmo com poucos testes, país bate recorde de casos de covid, informa o jornal O Globo. Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 205.310 novos casos da doença, o que representa a pior marca na pandemia.
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O jornal O Estado de S. Paulo destaca que o Brasil tem o maior número de desabrigados – 61.786 pessoas – e de decretos de emergência por causa dos temporais em cinco anos. Até agora, Minas Gerais e Bahia são os estados mais afetados, com 51 mortes, deslizamentos, bairros submersos e ameaças de rompimentos de barragens.
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A Folha de S. Paulo informa que a previsão de inflação adotada pelo Congresso na elaboração do Orçamento deste ano vai garantir ao governo federal espaço extra de R$ 1,8 bilhão para gastar em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro buscará a reeleição. Os congressistas aprovaram o Orçamento com uma correção de 10,18% no teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. Essa era a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2021. Com isso, o teto de gastos foi fixado em R$ 1,679 trilhão para este ano.