Fortemente afetado pela pandemia de Covid-19, o setor de transportes deve apresentar um crescimento de 2,5% ao ano na demanda energética entre 2021 e 2031, com um aumento de 3,4% ao ano para as atividades de transporte de cargas e de 5,4% ao ano para o transporte de passageiros. Essas projeções foram publicadas em novo caderno do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2031, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Segundo o documento, a demanda energética do setor de transportes terá grande participação do óleo diesel e do etanol hidratado para atender, principalmente, a parcela de transporte de carga rodoviário, e do querosene de aviação (QAV), cujo setor deve voltar a crescer com a maior normalização da situação sanitária global. A demanda de eletricidade, entretanto, não apresenta demanda expressiva, tendo uma participação projetada de 0,3% em 2031.
No que diz respeito aos meios de transporte de carga, é esperado um crescimento na participação do modo ferroviário, ainda que o transporte rodoviário continue liderando a demanda energética total do setor. Deve haver, ainda, uma transição gradual do óleo diesel S500 ao S10, tendo em vista a adequação dos novos motores de veículos pesados ao consumo de óleo diesel de baixo teor de enxofre.
“A atividade total do transporte de cargas, segmento menos afetado pela pandemia, deve aumentar 3,4%, [ao ano] entre 2021 e 2031, no cenário referencial. Esse crescimento é necessário para o escoamento da produção brasileira, oriundo principalmente do agronegócio”, afirma a EPE.
Em relação ao consumo de energia do setor, entre 2021 e 2031 a demanda energética do transporte de cargas deve crescer em média 1,9% ao ano, o que se dá devido à expansão do modo ferroviário, que conta com um consumo (por tonelada transportada) cerca de dez vezes menor que o modo rodoviário.
Sobre o transporte de passageiros, a EPE projeta um crescimento de 2,9% ao ano de demanda energética durante o decênio analisado. Isso, segundo o estudo, é decorrente da crescente demanda da sociedade por mobilidade, do crescimento do PIB per capita e da redução do desemprego.
Para o cenário analisado, entretanto, a EPE argumenta que “tecnologias como a bateria e a célula combustível a hidrogênio não deverão deslocar parcelas significativas de demanda em razão da necessidade de insumos, investimentos e infraestrutura para que sejam economicamente viáveis ao consumo em larga escala. Para os segmentos de caminhões mais pesados, a eletrificação deve levar mais tempo para ser competitiva frente aos veículos tradicionais”.