O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu uma consulta pública para discutir mudanças nos modelos de preços de energia de curto prazo, o PLD. A proposta prevê novos parâmetros que deixarão o modelo mais avesso ao risco, priorizando armazenamento nos reservatórios das hidrelétricas. A consequência disso, segundo a MegaWhat Consultoria, é o acionamento de mais termelétricas, o que deve elevar o PLD.
“Para se garantir uma maior segurança energética estrutural ao Sistema Interligado Nacional, é necessário que os modelos computacionais reflitam um nível de aversão ao risco coerente aos requisitos sistêmicos do Setor Elétrico Brasileiro”, diz a proposta, que ficará em consulta até 11 de março.
A proposta foi elaborada pelo GT de Metodologia da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp). Anualmente, a Cpamp analisa os aprimoramentos necessários nos modelos utilizados no planejamento da expansão, da programação da operação e formação do preço, principalmente os parâmetros de risco, a fim de deixar a operação e, consequentemente, os preços mais aderentes à situação real do país.
Para que as mudanças entrem em vigor a partir de 2023, precisarão ser discutidas e aprovadas até o fim de julho, mas, devido ao cronograma da Revisão Ordinária de Garantia Física e Plano Decenal de Expansão de Energia, a expectativa é de deliberação até 31 de março.
Uma das propostas envolve a adoção da metodologia PAR(p)-A na geração de cenários e construção de função de custo futuro dos modelos computacionais, no lugar do PAR(p).
O PAR(p) é uma metodologia estatística que considera a memória hidrológica histórica do sistema dentro do modelo Newave, que trata do planejamento no horizonte de até cinco anos. Ele olha as afluências do passado para projetar as do futuro. Com a mudança para o PAR(p)-A, será usado um histórico mais abrangente, considerando um peso para a média dos últimos doze meses, deixando a metodologia mais realista para a geração de cenários futuros.
“Quando se tem um passado com baixas afluências, o PAR(p)-A leva essa informação para os cenários de forma mais expressiva do que o modelo atual. Se o passado for melhor, ele também gera cenários mais otimistas que o atual. Então, o efeito vai depender do histórico da hidrologia recente”, explicou Tainá Mota, consultora de Preços e Estudos de Mercado da MegaWhat.
A introdução dessa metodologia foi discutida em 2021, mas acabou não sendo implementada pois os agentes acharam necessário ter mais tempo para estudar e analisar as mudanças. Na época, a Cpamp concluiu que a nova metodologia estava resultando em dados “inexatos” no cálculo dos preços, o que não daria segurança ao processo de planejamento e programação da operação.
De acordo com a especialista da MegaWhat, a tendência com as mudanças é de alta do PLD, principalmente por conta das alterações propostas nos parâmetros de risco do CVaR, que mede a aversão ao risco. A ideia é calibrar o modelo dando um peso maior aos piores cenários do histórico, a fim de aumentar o nível de segurança da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A proposta em consulta pública afirma que as análises dos parâmetros de CVaR propostos indicam níveis de geração termelétrica mais aderentes aos requisitos de geração termelétricas definidos pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na curva referencial de 2022, com menor custo de operação.