(Com Camila Maia)
O grupo Neoenergia encerrou o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 635 milhões, com queda de 36% em relação a igual período do ano anterior. O resultado da Neoenergia reflete, em parte, uma baixa contábil de R$ 482 milhões referente à reclassificação de sua participação na Norte Energia, hidrelétrica concessionária de Belo Monte, como “ativo mantido para venda”. Com a mudança, foi feito o ajuste a valor justo do ativo, o que gerou a necessidade do ajuste contábil nas demonstrações financeiras, sem efeito no caixa da empresa.
“A administração decidiu avançar nas análises e providências com vistas a determinar as condições para venda da participação acionária na Norte Energia. Esse desinvestimento está alinhado com a estratégia da companhia, tendo em vista que se trata de uma participação minoritária”, diz o relatório da companhia. Desconsiderando o ajuste de Belo Monte, o lucro no trimestre teria sido de R$ ,1 bilhão, aumento de 14%.
Outro fator que afetou o desempenho da companhia no trimestre foi o resultado financeiro do período, que veio negativo em R$ 909 milhões, aumento de 160% em relação ao resultado financeiro negativo de R$ 350 milhões dos últimos três meses de 2020. Isso aconteceu por conta da maior despesa com encargos de dívida, já que a companhia fez novas captações para investir em transmissão, eólicas e também nas distribuidoras.
A receita cresceu 14% no trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 11,4 bilhões, e o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 15%, totalizando R$ 2,41 bilhões.
Com isso, no acumulado de 2021, a companhia apurou um lucro líquido de R$ 3,925 bilhões, com alta de 40%, em relação ao ano anterior. O lucro líquido ajustado, desconsiderando a baixa de Belo Monte, por sua vez, somou R$ 4,4 bilhões, com alta de 57%, em comparação com 2020. Na mesma comparação, a receita anual da companhia aumentou 32%, para R$ 41,1 bilhões.
Com relação aos investimentos, o grupo investiu R$ 9,4 bilhões no ano passado, montante 48% superior ao contabilizado em 2020. Segundo o presidente da companhia, Mario Ruiz-Tagle, o aumento na comparação deve-se aos aportes feitos para o avanço de projetos de transmissão de energia e geração de energia eólica.
Na área de distribuição, a companhia investiu R$ 3,9 bilhões em 2021. A empresa possui cinco distribuidoras, nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco e São Paulo, além do Distrito Federal. A energia injetada pelas empresas em 2021 cresceu 3,7%, frente ao ano anterior, totalizando 75.814 gigawatts-hora (GWh).
Em transmissão, o grupo investiu R$ 2,2 bilhões. A Neoenergia possui 2,3 mil km de linhas em operação e 4,3 mil km em construção.
Em geração, a companhia possui hoje 4 gigawatts (GW) de capacidade instalada, sendo 88% renovável. Outros 700 megawatts (MW) estão em fase de construção, a partir de parques eólicos.