O reconhecimento de regiões separatistas da Ucrânia pela Rússia acirrou as tensões no leste europeu, fazendo com que líderes ocidentais anunciassem sanções à Rússia para tentar conter o presidente Vladimir Putin.
O parlamento russo aprovou ainda dar a Putin autoridade para enviar tropas às regiões separatistas ucranianas, o que desencadeou uma série de ações das potências ocidentais que temem uma ocupação russa na Ucrânia.
Inicialmente, o governo dos Estados Unidos proibiu empresas americanas de terem negócios nas áreas separatistas de Luhansk e Donetsk. Na sequência, depois que o potencial conflito escalou, foram anunciadas sanções mais amplas pelo presidente Joe Biden, incluindo a instituições financeiras, o veto à negociação de títulos soberanos da Rússia e também colocando as famílias tradicionais da elite russa “e seus parentes” na mira das medidas de contenção.
No discurso, Biden deixou claro que essa foi a “primeira tranche” de medidas contra a Rússia, uma vez que novas sanções podem ser definidas caso Putin avance sobre a Ucrânia. “Se a Rússia for além nessa invasão, estaremos preparados para avançar com sanções”, disse.
Na Europa, também há medidas na mesa de países ocidentais contra a Rússia. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou sanções contra cinco bancos russos – Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e o Black Sea Bank – e três indivíduos russos, ao mesmo tempo em que clamou que as demais nações sigam o mesmo movimento.
Os 27 países membros da União Europeia também concordaram com novas sanções contra empresas e indivíduos que colocam em risco a integridade da Ucrânia, segundo Josep Borrell, alto-representante de Relações Exteriores do bloco. Na mira, estão bancos que financiam as ações russas nesses territórios, assim como políticos russos que apoiaram o reconhecimento das regiões separatistas.
“A União Europeia vai responder a essas violações com urgência com medidas restritivas adicionais”, disse Borrell.
Em comunicado conjunto, a Comissão Europeia classificou as ações russas como “ilegais e inaceitáveis, por violarem as leis internacionais, a integridade territorial e a soberania da Ucrânia, os próprios compromissos internacionais da Rússia e ajuda a escalar a crise.”
Os ministros de Relações Exteriores do G7 – Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, França, Canadá, Japão e Itália – se reuniram e concordaram em um “forte pacote” de sanções coordenadas em resposta, segundo a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss.
Mais cedo, a Alemanha anunciou que vai suspender a aprovação do gasoduto russo Nordstream 2, frustrando os planos da Rússia para entregar gás natural à Europa sem passar pela Ucrânia. A decisão foi anunciada pelo chanceler Olaf Scholz, nesta terça-feira, 22, em discurso em Berlim.
Segundo Scholz, o Ministério de Questões Econômicas e Ação Climática alemão foi instruído a cancelar um relatório sobre a segurança de oferta energética nacional, já enviado a reguladores e sem o qual, o gasoduto não pode entrar em operação.
O projeto dobra a capacidade de gás enviado da Rússia para a Alemanha diretamente pelo Mar Báltico. O gasoduto ajudaria a aumentar a oferta de gás no país, mas é polêmico por ampliar também sua dependência das reservas russas.
Petróleo
A escalada da situação no leste europeu tem grande efeito sobre os preços do petróleo no mercado internacional. O barril do Brent opera com alta de 1,04% na tarde de hoje, a US$ 96,29.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu atenção especial aos efeitos nos preços de combustíveis no mercado americano. Ao falar das novas sanções contra a Rússia, Biden disse que sua administração está “fazendo de tudo” para impedir os aumentos nos preços nas bombas, ao mesmo tempo em que monitoram os estoques de perto para manter a estabilidade no mercado.
Azerbaijão
Nesta terça, o presidente russo esteve reunido com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e falou sobre parcerias com o país em energias renováveis, expansão do mercado de gás natural, além de ferrovias. Putin também declarou apoio a Aliyev na demarcação de fronteiras do país com a Armênia.