A transformação digital está sendo inserida aos poucos no setor de óleo e gás do Brasil, aponta estudo da Deloitte. A pesquisa, denominada “Maturidade digital na indústria de óleo e gás no Brasil”, foi realizada com apoio da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), contando ainda com 50 organizações e empresas da indústria de óleo e gás.
Questionadas sobre a implementação de iniciativas digitais, 40% das petroleiras participantes responderam que elas muitas vezes resultaram em aumento de trabalho e geraram pouco benefício, indicando que o desenho dessas iniciativas tenha sido insuficiente ou que sua completa implementação enfrente dificuldades para gerar o valor esperado.
“Os maiores desafios se encontram em avançar na digitalização de processos, na extração de valores dos dados de forma mais eficiente, em modelos de colaboração, no maior estímulo à capacitação massiva em habilidades digitais, na estruturação de processo de inovação e na mudança cultural. Com esse raio-x que o relatório da Deloitte traz sobre o tema, as organizações do setor de óleo e gás poderão se conscientizar e focar na construção de iniciativas para avançar no desenvolvimento da transformação digital dessa importante indústria no Brasil”, afirma Eduardo Raffaini, sócio e líder de Capital Projects & Asset Transformation e de Óleo e Gás da Deloitte.
Segundo o estudo, mais de 60% dos participantes consideraram que sua organização ou empresa tem implementado muitas iniciativas digitais, mas apenas um respondente considerou sua organização verdadeiramente digital.
Para o presidente do IBP, Eberaldo Almeida Neto, “com a transição energética em curso, faz-se necessária uma produção de petróleo mais eficiente, ágil e com menor pegada de carbono, o que demanda o emprego intensivo de inteligência artificial desde a fase exploratória, passando pela gestão e execução do projeto e chegando à fase de operação dos campos. O uso mais eficiente dos dados garantirá a vantagem competitiva das empresas”.
Nesse sentido, a pesquisa mostra que investimentos em digitalização de processos são mais fortes em áreas não operacionais, como tecnologia da informação e gestão de clientes e finanças. Isso, de acordo com o relatório da Deloitte, indica que o processo de transformação digital no setor de petróleo e gás no Brasil ainda está em construção.
A pesquisa revela, entretanto, que 72% das empresas contam com uma estratégia digital em andamento, sendo que 66% afirmam apoiar o autoaprendizado e fornecer orientação em treinamento digital aos profissionais.
Sobre a governança de dados das empresas, o estudo mostra que 78% dos executivos concordam que as informações e os dados são tratados como um ativo de negócios-chave e impulsionadora de valor em suas organizações, ainda que, na prática, a padronização de dados ainda deva ser trabalhada.