O acionamento termelétrico durante a crise hídrica, a recuperação econômica e a vacinação contra a covid-19 impulsionaram o mercado brasileiro de gás natural, que cresceu 28,8% em 2021, na comparação com o ano anterior, para 76,043 milhões de m³/dia, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
Como esperado, o segmento de geração térmica apresentou a maior variação, de 51,73%, totalizando uma média de 33,975 milhões de m³/dia, no ano passado. No entanto, as classes industrial, comercial e automotiva também apresentaram crescimentos superiores a 15%.
O setor industrial consumiu 29,5 milhões de m³/dia em 2021, com alta de 15,05% em relação a 2020. Na mesma comparação, o mercado de gás natural veicular GNV avançou 15,35%, para 5,9 milhões de m³/dia e o segmento comercial cresceu 15,5%, totalizando 782,7 mil m³/dia.
“Vemos o mercado convencional com uma recuperação efetiva. Mesmo a segunda onda de covid-19 não afetou o mercado, que mostrou uma recuperação significativa”, disse Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da Abegás à MegaWhat. “O que eu considero mais expressivo é a recuperação do segmento comercial, refletindo a recuperação econômica e a vacinação”.
Termelétricas
Com relação ao setor termelétrico, Mendonça entende que a lei 14.182/2021, que trata da privatização da Eletrobras e da contratação de 8 gigawatts (GW) de termelétrica a gás natural no país, vai gerar um efeito positivo para o mercado de gás. A expectativa é que ocorra este ano um primeiro leilão para a contratação de parte dessas usinas.
“É preciso trazer para o modelo do setor elétrico esse entendimento que está na lei. Já há um entendimento de que a maior inflexibilidade pode garantir recuperação de reservatórios hidrelétricos e o crescimento das fontes renováveis”, afirmou Mendonça.
Sobre o impasse judicial entre a Petrobras e algumas distribuidoras de gás natural e governos estaduais com relação ao preço do gás fornecido para essas empresas, que hoje está sendo garantido a um valor mais baixo por força de liminar, Mendonça explicou que a Abegás, junto com as concessionárias, está disposta a conversar com a petroleira, caso a companhia esteja aberta ao diálogo.
“Se a Petrobras estiver disposta a negociar, nós vamos conversar”, completou Mendonça.
