A petroleira americana ExxonMobil vai sair do projeto bilionário de exploração e produção de óleo e gás de Sakhalin-1, localizado na costa da ilha Sakhalin, no extremo oriente da Rússia, após o ataque russo à Ucrânia, iniciado na semana passada, informou a companhia nesta quarta-feira, 2 de março. No Brasil, a Petrobras ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a venda de uma planta de fertilizantes no Mato Grosso do Sul para o grupo russo Acron.
“A ExxonMobil opera o projeto Sakhalin-1 em nome de um consórcio internacional de empresas japonesas, indianas e russas. Em resposta aos eventos recentes, estamos iniciando o processo de descontinuação das operações e desenvolvendo medidas para sair do empreendimento Sakhalin-1”, comunicou a ExxonMobil.
A americana é a operadora do projeto, com uma participação de 30%. Os demais sócios são o consórcio japonês Sodeco (30%), a indiana ONGC Videsh (20%) e a russa Rosneft (20%). O Sakhalin-1 é considerado um dos principais investimentos internacionais na Rússia na atualidade.
A decisão da ExxonMobil ocorre dias depois de outras grandes companhias do setor terem anunciado o cancelamento de projetos e negócios na Rússia.
No início desta semana, a Shell anunciou que deixará sua parceria com a russa Gazprom, alienar sua participação em projetos na Rússia e retirar sua participação no gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha.
A petroleira alemã Wintershall DEA também decidiu anular seu financiamento do Nord Stream 2, de cerca de 1 bilhão de euros, além de não avançar ou implementar nenhum projeto adicional de produção de gás e petróleo na Rússia.
Na esteira das sanções, a petroleira francesa TotalEnergies também anunciou que não investirá mais recursos para novos projetos na Rússia.
No domingo, a petroleira britânica BP informou que vai se desfazer da participação de 19,75% que possui na Rosneft.
UFN-III
A Petrobras, por sua vez, ainda não definiu o desfecho das negociações em relação à venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), em Três Lagoas (MS), para o grupo russo Acron. Em fevereiro, a estatal brasileira informou ao mercado que havia chegado a um entendimento para a assinatura do acordo de venda. O negócio, porém, não foi fechado até o momento.
Questionada pela MegaWhat, a Petrobras informou que “não temos por enquanto nenhuma atualização sobre esse processo”.
A construção da UFN-III teve início em setembro de 2011, mas foi interrompida em dezembro de 2014, com avanço físico de cerca de 81%. Após concluída, a unidade terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 t/dia e 2.200 t/dia, respectivamente.
A Petrobras pretende levantar entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões com a venda de ativos entre 2022 e 2026.
*Texto atualizado às 15h11, para inclusão de informação.