Os 31 países que são membros do Conselho de Administração da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) concordaram em liberar 60 milhões de barris de óleo de suas reservas de emergência para enviar uma mensagem global de força e unificação ao mercado de petróleo que que não haverá déficit de suprimentos como resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os membros mantêm estoques de emergência de 1,5 bilhão de barris. O anúncio de uma liberação inicial de 60 milhões de barris, ou 4% desses estoques, equivale a 2 milhões de barris por dia durante 30 dias. Essa é a quarta liberação coordenada pelos membros da agência, que foi criada em 1974. As ações coletivas anteriores foram realizadas em 1991, 2005 e 2011.
O montante foi autorizado em reunião extraordinária realizada na última terça-feira, 1º de março, realizada em nível ministerial, e presidida pela secretária de energia dos EUA, Jennifer Granholm, na qualidade de presidente da reunião ministerial.
“O fornecimento de energia não deve ser usado como meio de coerção política nem como uma ameaça à segurança nacional e internacional”, disseram os membros do conselho.
Segundo a agência internacional, os ministros expressaram solidariedade com o povo da Ucrânia e seu governo eleito democraticamente, do que chamaram de “terrível e não provocada violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia pela Rússia”.
Mesmo demostrando preocupação com os impactos na segurança energética, uma vez que a invasão ocorre em um cenário de mercados globais de petróleo pressionados, alta volatilidade dos preços, estoques comerciais no nível mais baixo desde 2014 e capacidade limitada dos produtores para uma oferta adicional no curto prazo, os ministros da IEA manifestaram apoio às sanções impostas pela comunidade internacional em resposta à invasão russa.
“Estou satisfeito que a agência também se uniu para agir. A situação nos mercados de energia é muito grave e exige toda a nossa atenção. A segurança energética global está ameaçada, colocando a economia mundial em risco durante um estágio frágil da recuperação”, disse Fatih Birol, diretor-executivo da agência.
A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e o maior exportador. Suas exportações de cerca de 5 milhões de barris por dia de petróleo bruto representam cerca de 12% do comércio global – e seus aproximadamente 2,85 milhões de barris por dia de produtos petrolíferos representam cerca de 15% do comércio global de produtos refinados. Cerca de 60% das exportações de petróleo da Rússia vão para a Europa e outros 20% para a China.
O Conselho de Administração também incentivou cada país membro a fazer o máximo para apoiar a Ucrânia no fornecimento de produtos petrolíferos, recomendando que governos e consumidores mantenham e intensifiquem os esforços de conservação.
Os ministros também discutiram a dependência significativa da Europa no gás natural russo e a necessidade de reduzir isso procurando outros fornecedores, inclusive via GNL, e continuar buscando uma aceleração bem gerenciada das transições de energia limpa.
Nesta quinta-feira, a secretaria da IEA divulgará um plano de dez pontos sobre como os países europeus podem reduzir sua dependência do fornecimento de gás russo até o próximo inverno.