A potência instalada em parques eólicos onshore, no Nordeste brasileiro, em 2021, superou a soma de sete países europeus, aponta análise divulgada nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
De acordo com os dados, 3,7 GW foram liberados para operação comercial em parques eólicos no Brasil – distribuídos entre Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí. Enquanto na soma o Reino Unido, Dinamarca, Espanha, Noruega, Finlândia, Polônia e Ucrânia, a potência instalada ficou em 3,6 GW.
“O Nordeste brasileiro possui uma das melhores características de vendo do mundo para se implantar parques eólicos, com ventos constantes e fator de capacidade acima da média mundial, e os dados divulgados agora reforçam que a região está muito à frente da Europa. Reforçam a região como um oásis de vento para o mundo”, explica o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do ISI-ER, Antonio Medeiros.
As conclusões tomam por base uma comparação entre dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o relatório divulgado no final de fevereiro pela associação europeia de energia eólica WindEurope, com estatísticas e projeções para o setor.
O Rio Grande do Norte liberou 1,5 GW no período, 40,54% do total nacional e a maior fatia entre os estados com sinal verde para operação das usinas. A potência potiguar, aponta a análise do ISI-ER, é ultrapassada apenas pela Suécia (2,1 GW) e Alemanha (1,9 GW).
“O Rio Grande do Norte vem sobressaindo ao nível nacional, e inclusive mundial, na produção de energias limpas e traz na sua matriz energética, entre solar e eólica, grandes possibilidades de ser o maior produtor do mundo de energias. Isso nos coloca numa posição totalmente diferenciada, inclusive agora onde os olhos se voltam para o potencial de produção do hidrogênio verde”, analisa o presidente do Sistema Fiern, Amaro Sales de Araújo.
A capacidade média alcançada no onshore, na Europa, é estimada em 23%, dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) mostram praticamente o dobro no Brasil, com registros de até 60% na safra dos ventos, período que vai de junho a outubro – quando os ventos são mais intensos, mais frequentes e constantes, a melhor época para o funcionamento dos geradores eólicos.
No caso do offshore, o fator de capacidade brasileiro ainda está em estudo, mas há indicativos do potencial que os pesquisadores já enxergam no horizonte.
“Podemos afirmar que esse fator ultrapassa os 35% estimados para o offshore na Europa, uma vez que os parques na beira da praia no Brasil já superam essa média”, diz Medeiros, ressaltando que “parques instalados em praias do Nordeste chegaram a apresentar fator de capacidade acima de 50% em 2021”.
Atualmente o Brasil ocupa a sétima posição na capacidade de instalação de energia eólica. Em 2021, a expansão da capacidade instalada de energia elétrica a partir de fonte eólica no Brasil chegou a 3 GW. As usinas eólicas respondem por 11,5% da matriz energética brasileira, ou 21,3 GW de potência instalada.