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Em guinada estratégica, Energisa anuncia investimentos bilionários em negócios não regulados

ENERGISA Unidade Rio de Janeiro Agosto 2021
ENERGISA Unidade Rio de Janeiro Agosto 2021

Com mais de 100 anos de história no setor de energia brasileiro fortemente alicerçados na distribuição, a Energisa se prepara para uma guinada estratégica, na qual os negócios não regulados ganharão cada vez mais importância a medida em que a abertura do mercado de energia avança.

A (Re)Energisa será a nova marca que vai englobar os negócios não regulados do grupo, incluindo geração distribuída, geração de renováveis para o mercado livre, comercialização de energia e serviços de valor agregado. “O movimento está alinhado com nossa visão de grupo, que é ser protagonista na transição energética, conectando os clientes à melhor solução”, disse Roberta Godói, vice-presidente de Soluções Energéticas e líder da nova divisão.

Neste primeiro momento, a nova marca vai reunir em uma só unidade de negócios atividades já existentes no grupo, como a Alsol, de geração distribuída, a Energisa Soluções, e a empresa de comercialização e gestão no mercado livre. A mudança, contudo, vai além disso, uma vez que envolve a destinação de cifras volumosas para esses negócios. “Esses negócios passam a ser a nova locomotiva de crescimento do grupo”, disse Godói.

Em 2021, os negócios não regulados representaram cerca de 8% do Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia. Com os novos investimentos, a meta é que a (Re)Energisa atinja 25% do Ebitda da companhia em 2026.

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No período de 2022 a 2026, o grupo vai investir em total de R$ 30 bilhões. No ano passado, 84% dos investimentos totais da companhia foram nas distribuidoras, restando 16% para os negócios não regulados. Em 2026, a participação subirá para 47%. “Esse percentual demonstra nossa visão de que temos que investir para alavancar os novos negócios que são promissores para o crescimento do grupo”, afirmou Godói.

Apenas em geração renovável, centralizada e distribuída, serão investidos cerca de R$ 2,3 bilhões até 2024.

Geração distribuída

Em geração distribuída, a Energisa já tem 77 MWp em projetos da fonte solar fotovoltaica, e pretende ampliar em mais 460 MWp nos próximos três anos, com a adição de 150 novas usinas. Nesse pacote, estão incluídos os 136 MWp em ativos recentemente comprados da Vision.

“Em 2021, construímos 15 usinas fotovoltaicas, e agora vamos construir outras 150. É outra dimensão, outro negócio, que ganhou um peso e importância bastante importante dentro do Grupo Energisa”, disse Godói. De acordo com a executiva, a meta é quintuplicar os 2 mil clientes de GD do grupo, chegando a 10 mil nesse horizonte de tempo.

Esse crescimento se dará tanto pelo desenvolvimento de projetos em casa, quanto por fusões e aquisições no mercado, segundo a executiva. Além disso, a companhia avalia parcerias em biogás, podendo diversificar também para biometano, CO2, biofertilizantes e outros derivados possíveis do biogás.

Como as distribuidoras da Energisa têm áreas de concessão que coincidem com o agronegócio, está no radar desenvolver projetos que possam transformar dejetos animais, resíduos do agro ou descartes da indústria em biogás.

Nova soluções

A intenção é capacitar o grupo para o momento de abertura do mercado de energia, por meio de soluções que o cliente poderá optar dependendo do seu momento. Um pequeno negócio, por exemplo, que seja cliente em GD, poderá posteriormente migrar para o mercado livre sem buscar novo provedor, se mantendo com a Energisa.

Para isso, a Energisa já tem uma varejista e alguns clientes atendidos no modelo, a fim de “aprender e dominar as variáveis”. “Percebemos que o trabalho da comercializadora varejista é muito mais parecido com a geração distribuída, quando falamos em aquisição do cliente e relacionamento, do que é da comercializadora no atacado”, afirmou Godói.

“Quando nos posicionamos como uma empresa de soluções, deixamos de vender o produto em si e passamos a ouvir a necessidade do cliente, qual seu desafio. E aí eu busco no meu portfólio o que é melhor para ele”, disse a executiva.

A empresa também pretende robustecer as soluções oferecidas hoje aos clientes, com planos que envolvem a combinação da geração renovável ao armazenamento por meio de baterias de lítio, por exemplo. O avanço do 5G no Brasil também abre possibilidades, ao permitir o desenvolvimento de tecnologias para monitoramento de consumidores ou otimização das linhas de transmissão, que antes não eram viáveis pela falta de conexão.

Aposta nas renováveis

O crescimento da comercialização de energia no grupo será apoiado por investimentos expressivos em novos projetos de geração renovável centralizada. Até 2026, a companhia pretende investir R$ 6,7 bilhões, chegando a 1,2 GW de potência. “Essa energia toda vai para a carteira da comercializadora, o que vai nos possibilitar acelerar o crescimento dela”, disse Godói.

Com os investimentos, a companhia espera subir dos atuais 2% de fatia do mercado livre para 12% em 2026.

Até o final de 2022, um parque solar de 78 MW de potência entra em operação comercial, na Paraíba. A companhia tem mais 240 MW em projetos de eólica na Bahia com as autorizações solicitadas, e muitos outros em estudo.

“Do total, 570 MW serão de empreendimentos próprios, e a diferença vamos buscar de outras formas, como M&As”, disse Godói, se referindo à sigla em inglês para fusões e aquisições.

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