Empresas

Associação aposta em leilão de capacidade de 2022 para contratação de usinas ‘waste to energy’

Associação aposta em leilão de capacidade de 2022 para contratação de usinas ‘waste to energy’

O governo deve continuar apoiando projetos de geração de energia que utilizem como fonte a recuperação de resíduos sólidos urbanos, no modelo WtE (waste to energy). Para Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), a fonte terá a presença garantida nos próximos leilões, nos mesmos termos do leilão A-5 de 2021.

“Estamos com 131 MW em projetos para participar dos leilões, com a usina Mauá (80 MW) e a usina Caju (31MW), que já possuem licença prévia. E ainda resta a usina Consimares, com 20 MW, que ainda precisa da licença”, disse Schmitke. Em 2021,a Orizon conseguiu contratar uma usina do tipo no leilão A-5 realizado em outubro, com a contratação de 12 MW médios. Foi o primeiro leilão a contemplar um produto para esta fonte.

Para a Abren, a oferta nos próximos leilões deve continuar com o mesmo preço teto do leilão do ano passado, que foi de R$ 639/MWh, atualizado pela inflação, até alcançar maior competitividade e redução de custos, principalmente com a organização do mercado interno de fabricação de peças e componentes, assim como construtoras aptas e preparadas para a implementação dessas usinas.

Com a participação do setor nos leilões, abre-se espaço para viabilizar novos projetos de WtE, de acordo com a Abren. O Projeto de Lei 924/2022, que institui um programa nacional de recuperação energética de resíduos, pode ajudar a fomentar a fonte, ao viabilizar medidas para estimular os municípios brasileiros a licitarem usinas que utilizam o lixo urbano para gerar energia elétrica. O texto, apresentado em 13 de abril, ainda está parado na Câmara.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

A entidade, que contribuiu tecnicamente com o PL, tem por objetivo “ampliar a geração de energia limpa e renovável por meio de resíduos sólidos na matriz energética, ampliar e garantir a participação de cooperativas de catadores de recicláveis em projetos de recuperação energética de resíduos, buscar cooperação com o setor privado e financiamento para viabilizar projetos de recuperação energética de resíduos.” 

Segundo Rubens Aebi, vice-presidente da Abren, o PL pode trazer segurança jurídica para investimentos no setor. “Não existe falta de tecnologia ou recursos, o que temos hoje é falta de confiança em investir por exemplo, R$ 500 milhões em uma usina. Ele [PL] veio para isso, fortalecer a cadeia produtiva de A à Z”, afirmou. 

O PL estabelece a possibilidade de cooperação entre a União e os municípios para a contratação unificada de usinas de recuperação energética. Municípios com mais 200 mil habitantes poderão participar de leilões para vender antecipadamente a energia, antes de licitar a concessão municipal de tratamento de resíduos. Além disso, poderão criar programas e regulamentos para a produção, processamento, comercialização, importação e exportação de Combustíveis Derivado de Resíduos (CDR).

Há também metas para redução de biorresíduos em aterros, com 25% em 2026, 50% em 2031 e 75% em 2036, sob pena de restrições orçamentárias ou a perda de incentivos por parte dos municípios que não adotarem as medidas ou não justificarem a sua inviabilidade técnica ou econômica. 

Autoprodução para abastecimento de frotas de caminhões e onibus elétrico com a energia WtE

O PL também propõe a opção de licitação conjunta da usina de recuperação energética com mobilidade urbana elétrica e coleta de lixo por caminhões elétricos.

Segundo a associação, no modelo de autoprodução, não há incidência de encargos e tributos, apenas o custo do fio, contribuindo para o surgimento de concessões municipais para que o regime de abastecimento de frotas de caminhões e ônibus elétricos seja viável.