Em entrevista ao Valor Econômico, a nova diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Verônica Sánchez, defendeu uma gestão mais conservadora dos reservatórios e a abertura de discussões com o setor elétrico para precificar mais adequadamente o uso da água na geração de energia.
Ela apresentou os resultados do plano de contingência adotado pela ANA entre 1º de dezembro de 2021 e 30 de abril de 2022, aproveitando o período de chuvas para recuperar os reservatórios das principais hidrelétricas do país. Durante esse período, houve uma série de restrições operativas para a vazão máxima de saída das represas. Isso significa que, em caráter excepcional, foram definidos limites mais rígidos de “liberação” de água pelas usinas.
Nos sete reservatórios de regularização incluídos no plano da agência, o volume útil subiu para 65% ou mais. Sobradinho, localizado no rio São Francisco e considerado a grande caixa d’água da região Nordeste, atingiu sua capacidade máxima e começou a verter. Furnas terminou o período com 85% de sua capacidade.
“Na maior parte dos reservatórios, temos o maior armazenamento dos últimos dez anos para o fim de abril. Isso traz conforto para o período seco deste e dos próximos anos”, afirma Verônica. Ela ressaltou que, exceto na bacia do São Francisco, a afluência esteve na média ou até um pouco abaixo da média histórica (considerando as últimas nove décadas) durante os cinco meses da temporada de chuvas. “O que realmente fez diferença foram as regras operativas.”
Câmara quer adiar reajuste da luz dos estados para não afetar eleição
Com apoio do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (Progressistas-AL), os deputados querem suspender os aumentos das tarifas de energia de distribuidoras estaduais aprovados este ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O setor imediatamente reagiu, informa o jornal O Estado de S. Paulo.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Aurélio Madureira, afirmou que a medida é quebra de contratos e pode causar “danos importantes para o setor elétrico”. Ele não descartou uma eventual judicialização caso o decreto avance no Congresso.
De acordo com a reportagem, a votação, com ampla maioria (411 votos a favor), de requerimento de urgência para votação de decreto legislativo assustou as empresas do setor porque, se aprovado, o projeto pode ter efeito geral e suspender reajustes em outros estados, passando por cima da decisão do órgão regulador.
Senado aprova projeto para linhas elétricas em terras indígenas
O Senado aprovou ontem (04/05) um projeto de lei (PL) que declara a passagem de linhas de transmissão de energia elétrica por terras indígenas de relevante interesse público da União. A Agência Brasil informa que a ideia do autor do projeto, senador Chico Rodrigues (União Brasil-RR), é facilitar a instalação desse tipo de estrutura em Roraima e, assim, incluí-la no Sistema Interligado Nacional (SIN). O projeto segue para a Câmara dos Deputados.
O texto prevê compensação financeira às comunidades indígenas afetadas pela instalação das linhas. Essa compensação ocorreria “proporcionalmente à remuneração auferida pela prestação do serviço público de transmissão de energia elétrica”, como prevê Rodrigues em sua proposta. A declaração de relevante interesse público se fará por decreto do Presidente da República.
O estado de Roraima é alimentado por energia elétrica gerada a partir da combustão de diesel – mais poluente e cara que as usinas hidrelétricas. Antes de 2019, a energia do estado era fornecida pela Venezuela, país fronteiriço, mas esse fornecimento foi suspenso. Roraima tem 32 terras indígenas em seu território. É, proporcionalmente, a maior população indígena do Brasil, com 46% da área total demarcada como terra indígena.
Lucro da Enel cresce 19% no 1º trimestre para 1,4 bilhão de euros
A empresa de energia italiana Enel reportou lucro líquido de 1,4 bilhão de euros no primeiro trimestre deste ano, o que representa alta de 19% ante o mesmo período de 2021. A receita da companhia cresceu 89%, para 34,96 bilhões. A Enel afirma que a produção de fontes de energia eólica e solar cresceram “fortemente”, com avanço de 17% no comparativo anual.
Outro destaque, segundo a companhia, foi o ganho de 1,8 milhão de clientes no mercado livre de energia, em razão de melhores condições comerciais. Por outro lado, Itália e Espanha contaram com baixa disponibilidade hídrica, o que afetou os ganhos da companhia. As operações do Brasil alcançaram faturamento de 2,12 bilhões de euros no trimestre, avanço de 18% no comparativo anual. (Valor Econômico)
Petrobras convida Eneva e PetroRecôncavo para negociações exclusivas pelo Polo Bahia-Terra
A PetroRecôncavo e a Eneva anunciaram ontem (04/05) que foram convidadas pela Petrobras para darem sequência às negociações para a aquisição da participação da petrolífera no Polo Bahia-Terra. Em março, a dupla havia apresentado uma oferta vinculante pelo conjunto de ativos. Em seguida, afirmam as empresas do consórcio em comunicado, será iniciada a fase de negociação dos termos e condições para a potencial aquisição das participações da Petrobras em um conjunto de concessões de campos terrestres de E&P e instalações associadas das Bacias do Recôncavo e de Tucano, na Bahia. (Valor Econômico)
Isa Cteep aumenta em 160% os investimentos no 1º trimestre
Mesmo com menos dinheiro em caixa, a transmissora Isa Cteep ampliou os investimentos em reforços e melhorias na rede de distribuição, informaram os executivos da companhia em teleconferência com analistas e investidores. Segundo o diretor-presidente da empresa, Rui Chammas, a Isa Cteep aumentou em mais de 160% os investimentos em modernização de ativos no primeiro trimestre do ano, para R$ 155 milhões em reforços e melhorias de ativos existentes.
“Estamos trocando equipamentos que não trazem remuneração à base de ativos para outros que trazem (…). Acreditamos na importância de seguir investindo em projetos que contribuem com a segurança do sistema de transmissão de energia elétrica do Brasil”, explica Chammas. A empresa registrou lucro líquido regulatório de R$ 112,5 milhões nos meses de janeiro a março de 2022, queda de 63% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Entretanto, a redução da receita em relação ao mesmo período do ano anterior se deve à mudança das datas de pagamento do componente financeiro da Rede Básica Sistema Existente (RBSE), fato que cria uma redução dos pagamentos no curto prazo. (Valor Econômico)
EPE e GIZ contratam Climatempo para produzir uma base de dados climáticos para o setor eólico e solar
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, contratou o Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Climatempo para construir uma base de dados para o setor eólico e solar.
A proposta é desenvolver uma plataforma digital que permitirá o acesso a dados climáticos dos últimos 40 anos e ferramentas para auxiliar o planejamento e investimentos mais eficientes nestes setores. O programa disponibilizará informações como radiação solar, velocidade e direção do vento. Os dados serão validados por meio de técnicas estatísticas e medições observadas, de forma a assegurar que a base de dados tenha informações confiáveis para avaliar o potencial de geração de energia a partir das fontes renováveis. (Fonte: EPE)
Índia enfrenta blecautes com onda de calor
Em meio a uma precoce e brutal onda de calor, milhões de indianos enfrentam blecautes diários de energia. A demanda recorde por eletricidade ocorre em um momento de escassez de carvão e de estoques perigosamente baixos em muitas usinas termelétricas de vários estados. A Índia é altamente dependente do carvão, que produz 70% da eletricidade do país. Os apagões, que em algumas regiões chegam a durar até sete horas, estão prejudicando a atividade econômica, que vinha se recuperando após a crise causada pela pandemia de covid-19, e podem interromper o funcionamento de serviços essenciais, como hospitais. (Valor Econômico)
PANORAMA DA MÍDIA
A alta da taxa de juros anunciada ontem (04/05), no Brasil e nos Estados Unidos, é o principal destaque da mídia nesta quinta-feira.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do elevou a Selic (a taxa básica de juros) de 11,75% para 12,75% ao ano e sacramentou o mais longo ciclo de aperto monetário ininterrupto da história do comitê, após 10 aumentos seguidos. (O Estado de S. Paulo)
Com a alta, a Selic atingiu agora o maior patamar desde 22 de fevereiro de 2017, quando a taxa de juros estava em 13% ao ano, ainda no governo de Michel Temer (MDB). (Folha de S. Paulo)
Pouco antes da decisão do Banco Central (BC), o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, deu início a uma fase mais severa do seu processo de aperto monetário ao elevar em 0,50 ponto percentual as taxas de juros, para o intervalo entre 0,75% e 1%. É o maior aumento nas taxas de juros desde 2000 e a segunda alta consecutiva. (O Globo)
Após a decisão do Fed – que indicou mais aumentos por vir – e com a pressão sobre os preços ainda forte, o Comitê de Política Monetária (Copom) mudou a sinalização de que poderia encerrar o ciclo de alta com a taxa de juros a 12,75% ao ano. Ontem (04/05) informou que “antevê como provável” uma nova alta de juros com ajuste menor do que 1 ponto percentual. (Valor Econômico)