A organização britânica TransitionZero publicou nesta terça-feira, 10 de abril, um estudo que indica que o custo das energias renováveis diminuiu 99% desde 2010, o que significa que o gás natural não é mais uma ferramenta viável de transição energética.
De acordo com o estudo, o preço do carbono necessário para incentivar a mudança de carvão para energia renovável e armazenamento de baterias é em média de US$ 62/tCO2 em 2022, comparado a US$ 235/tCO2 da mudança de carvão para gás atualmente.
A TransitionZero incluiu em sua pesquisa um projeto de dados abertos, intitulado Índice de Preço do Carvão para o Carbono Limpo (C3PI), que indica o preço do carbono necessário para eliminar o gás fóssil e apoiar um sistema elétrico fornecido predominantemente por energias renováveis, como energia eólica e solar fotovoltaica, assim como o armazenamento de baterias.
O índice leva em conta uma série de fatores que influenciam o resultado em cada geografia, incluindo interrupções na cadeia de fornecimento, geopolítica e regulamentações de mercado. A pesquisa também destaca as questões de insegurança energética associadas ao carvão e ao gás, e afirma que as volatilidades percebidas agora, provavelmente, continuarão a existir.
“Apesar de algumas variações regionais, nossa análise mostra uma clara tendência deflacionária no custo de mudar da eletricidade do carvão para a eletricidade renovável e põe em questão os 615 GW de gás e 442 GW de carvão propostos e em construção globalmente”, afirma Matt Gray, co-fundador e analista da TransitionZero.
Para o Brasil, o custo da troca de carvão para renováveis não foi analisado, visto que o carvão tem papel residual na matriz elétrica brasileira. Entretanto, o Brasil é o terceiro país do mundo no investimento em infraestruturas de gás atualmente, e esses ativos podem sofrer frustração se os custos da energia renovável e das baterias mantiverem a tendência de queda.
“Nossa análise permite uma série de recomendações, mas para informar o mundo político, o fluxo transparente de dados é crítico entre as partes interessadas”, diz o cientista de dados Alex Truby, que também participou do estudo. “É por isso que criamos nosso Índice de Preços de Carvão para Carbono Limpo, que esperamos que seja uma ferramenta útil para aumentar a transparência e assegurar que sejam feitas reformas para alinhar a geração de eletricidade com os objetivos do Acordo de Paris”.