A Auren Energia, que inclui a herança da antiga Cesp combinada aos ativos de geração desenvolvidos em parceria pela Votorantim Energia e pelo CPPIB, está se preparando para um novo ciclo de crescimento, por meio de aquisições de ativos de geração renovável. A estratégia também prevê espaço para aquisições em transmissão de energia.
Em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre do ano, o presidente da companhia, Fabio Zanfelice, disse que não há prazo para essa estratégia de alocação de capital, já que a ideia é “buscar ativos com retorno, que agreguem valor.”
A Auren tem trabalhado muito observando e avaliando as oportunidades no mercado. “A empresa se preparou para uma etapa de potencial crescimento, temos posição de caixa bastante robusta, dívida alongada, operações atuais que já conferem uma geração de caixa robusta e expressiva”, disse Mario Bertoncini, diretor financeiro da companhia.
Os cenários doméstico e externo são desafiadores, do ponto de vista geopolítico, monetário e fiscal, mas a Auren acredita que isso pode ajudar “players prontos para alocação de capital” a encontrarem as melhores oportunidades.
Geração renovável, mercado livre e transmissão
A Auren tem uma carteira de projetos composta, principalmente, da fonte solar fotovoltaica, mas a companhia não descarta aquisições de hidrelétricas ou projetos eólicos. “Depois, continuaremos buscando complementariedade e diversificação”, disse Zanfelice.
O investimento necessário para projetos de geração eólica e solar está mais elevado, sem aumento correspondente nos preços de energia de longo prazo, disse o executivo. Por isso, a Auren também está executando uma estratégia de compra de energia no mercado livre, aproveitando sua competitividade na comercialização de energia.
Em relação ao futuro do mercado livre de energia, a companhia também tem foco na digitalização a fim de se preparar para a abertura do mercado para consumidores de varejo. “O investimento nesse ipo de estratégia precisa estar alinhado ao cenário de modernização, e como o mercado vai abrir, os investimentos não são pequenos”, disse.
Além de buscar oportunidades em geração, a Auren também avalia oportunidades em transmissão de energia, mas com o viés de que tenha complementariedade ao seu portfólio, com retornos adequados.
“Pensamos em investir em transmissão começando com uma plataforma mínima com ativos já existentes”, disse Zanfelice. Segundo ele, entrar em leilões neste momento para competir com players experientes na construção de ativos não deve ser o caminho para a companhia.
Números do trimestre
No trimestre, a Auren teve lucro líquido de R$ 17,8 milhões, retração de 86,9% na comparação com o mesmo período de 2021.
O resultado refletiu o aumento das despesas operacionais da companhia, assim como o maior custo com operação, apesar da redução dos custos com compra de energia. A companhia teve um impacto negativo de R$ 248 milhões com a movimentação de provisões para litígios.
A receita operacional líquida da companhia caiu 1,9%, a R$ 1,38 bilhão, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 43,3%, a R$ 294,2 milhões.