A atualização dos valores adicionais cobrados das bandeiras tarifárias para o ciclo 2022-2023 veio também com uma atualização dos preços de energia que serão referência para que as bandeiras sejam ativadas. Assim, o PLD precisará ficar mais alto para que as bandeiras com cobrança adicional possam ser acionadas, mostra análise da MegaWhat.
Segundo a análise, a metodologia das bandeiras tarifárias utiliza como gatilho de acionamento o PLD. No ciclo 2021-2022, a bandeira amarela só seria acionada no caso de um PLD acima de R$ 257,27/MWh. No novo ciclo, esse valor subiu para R$ 298,82/MWh, variação de 16,15%.
No caso da bandeira vermelha, houve aumento de 10,99% para o PLD de gatilho, a R$ 412,96/MWh. A bandeira vermelha patamar 2 também só será acionada no caso de um PLD mais alto, de R$ 434,11/MWh, aumento de 6,64%.
A Aneel também mudou o percentual de cenários hidroenergéticos extremos considerados na definição das bandeiras. No ano passado, por conta da crise hídrica, 100% dos cenários extremos eram cobertos pela bandeira vermelha patamar 2, e foi criada ainda uma cobrança adicional, a bandeira escassez hídrica. Neste ano, houve o retorno dos 95% dos cenários, mesma regra que valia antes, considerada mais adequada pela agência reguladora quando feita a análise de casos históricos.
Com essas mudanças, apesar dos valores cobrados adicionalmente pelas bandeiras terem ficado maiores, as faixas verde e amarela ganharam maior espaço nos cenários possíveis – ou seja, ficou mais difícil acionar as bandeiras vermelha patamar 1 e 2.
Segundo os especialistas da MegaWhat Lucas Frangiosi e Bruno Gonçalves, os valores adicionais das bandeiras tarifárias foram elevados por conta da aceleração da inflação e do Custo Variável Unitário (CVU) das termelétricas do sistema. Em 21 de junho, a Aneel aprovou os novos valores das bandeiras tarifárias, com aumentos expressivos nas bandeiras amarela (59,5%, para R$ 2,98 a cada 100 kWh consumidos) e vermelha patamar 1 (+63,7%, a R$ 6,50 a cada 100 KWh). A bandeira vermelha patamar 2 teve aumento de 3,2%, a R$ 9,79 a cada 100 Kwh consumidos
O cenário hídrico adverso do ano passado também contribuiu com a revisão das faixas, já que ele resultou num GSF mais baixo que passou a compor o histórico de afluência dos modelos computacionais. O dado histórico também entra no fator de risco utilizado para a atribuição de uma determinada bandeira tarifária, explicaram os especialistas da MegaWhat.
“Apesar do aumento dos adicionais das bandeiras tarifárias, é interessante ressaltar que a previsão de acionamento para 2022 é da bandeira verde para todos os meses restantes, o que significa que há maior probabilidade de não haver adicional à tarifa até o final do ano”, disseram Frangiosi e Gonçalves.
Essa maior probabilidade da bandeira verde resulta do melhor cenário hídrico observado nas bacias responsáveis pelo abastecimento das hidrelétricas, principal fonte da matriz elétrica brasileira.