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Itaú BBA vê potencial de valorização de 40% para ações da Eletrobras privada

Itaú BBA vê potencial de valorização de 40% para ações da Eletrobras privada

O Itaú BBA retomou a cobertura das ações da Eletrobras com recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 62 por ação ordinária, prêmio de 40,3% em relação ao fechamento da última sexta-feira, em R$ 44,19. O relatório assinado pelos analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Karoline Correia trata de diversas questões que podem influenciar o desempenho da companhia no futuro, incluindo potencial de corte de gastos, perspectivas em relação aos investimentos minoritários, e projeções do balanço energético da companhia, considerando a descotização gradual a partir de 2023 das suas hidrelétricas.

Nova gestão

Segundo o relatório, as ações devem ter movimentos de alta com a esperada eleição de um novo conselho de administração no dia 5 de agosto, com mandatos até 2025 e tempo suficiente para definir uma estratégia de crescimento para a companhia privatizada.

“Nós acreditamos que o ex-presidente Wilson Ferreira Junior deve ser o próximo presidente, já que ele acaba de renunciar de sua posição no comando da Vibra”, escreveram os analistas, no relatório enviado a clientes.

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A companhia é a “top pick” do Itaú BBA entre as empresas de energia analisadas, devido ao seu grande porte, valor atrativo, geração de fluxo de caixa e habilidade de pagamentos de dividendos no médio prazo. A Eletrobras não está mais “acorrentada” pelas limitações de ser uma estatal, e a nova gestão terá mais flexibilidade para implementar as mudanças necessárias para torná-la uma das melhores empresas do mundo, diz o relatório do banco. Enquanto o banco estima uma redução de custos, 

Redução de custos

O cenário base do Itaú BBA prevê uma redução de 55%, ou R$ 4,6 bilhões, nas despesas gerenciáveis, mas vê potencial para mais cortes. 

Os analistas também enxergam para mais reduções no quadro de funcionários da companhia, que ainda tem um dos maiores custos por colaborador do setor, em R$ 400 mil por funcionário, por pagar salários mais altos que seus pares. Segundo o relatório, com a desconsolidação da Eletronuclear de suas operações, o quadro da Eletrobras deve cair de 12 mil para 10,5 mil colaboradores, sendo que desses, mais de 2 mil são elegíveis à aposentadoria. 

“Esperamos que a Eletrobras anuncie um novo programa de demissão voluntária em breve”, escreveram os analistas, que apostam em um potencial grande de redução de efetivo da companhia.

Os analistas enxergam ainda potencial para que a Eletrobras aproveite créditos fiscais para destravar valor. A companhia tem R$ 5,8 bilhões em créditos fiscais registrados em seu balanço, e prevê um calendário para uso dos créditos que resulta em um valor presente líquido de R$ 4,5 bilhões, segundo o Itaú BBA. O banco, contudo, acredita que a companhia poderá acelerar o uso desses créditos fiscais, já que terá mais faturamento tributável com os ganhos de eficiência e com o caixa adicional que será gerado com a descotização das hidrelétricas.

Desinvestimentos ou aquisições

Em relação às participações minoritárias detidas pela Eletrobras, o Itaú BBA aponta que a nova gestão da companhia deve analisar todo o portfólio para definir o que deve ser vendido ou comprado, bom base em sinergias, despesas operacionais e eficiências tributárias. 

“Nós achamos que faz sentido para a Eletrobras comprar as parcelas remanescentes das hidrelétricas de Santo Antonio, Jirau e Belo Monte. Podem haver sinergias na operação conjunta de Jirau e Santo Antonio, devido à localização dos ativos. Em relação ao lado fiscal, Santo Antonio tem R$ 10 bilhões em prejuízos acumulados que podem se tornar créditos fiscais”, escreveram os analistas. 

Balanço energético

A descotização das hidrelétricas da Eletrobras, que vai acontecer nos próximos cinco anos, vai resultar em uma quantidade grande de energia descontratada que poderá ser comercializada no mercado livre. 

O Itaú BBA espera que a companhia adquira uma comercializadora e contrate uma equipe experiente no trading de energia, devido à sua importância. O banco estima que a venda da energia descontratada será feita ao preço médio de R$ 160/MWh.

A partir de 2023, o Itaú BBA estima que a fatia descontratada subirá dos atuais 25% para 40%. Em 2024, sobe para 58%, chegando a até 84% em 2027. 

Os cenários de oferta e demanda de energia nos próximos anos indicam sobrecontratação, refletindo o crescimento expressivo da geração distribuída, e um avanço moderado da demanda. A sobreoferta vai de 18,5% em 2023 a 4,2% a partir de 2030.

As projeções de crescimento da geração usadas pelo Itaú BBA foram conservadoras, com previsão de apenas 25% dos projetos de geração centralizada entrando em operação entre 2024 e 2026, acrescentando 6,4 GW em capacidade de eólica e solar. A partir de 2026, cerca de 10% dos projetos previstos foram considerados, com acréscimo de 2,9 GW de capacidade de eólica e solar. 

Para geração distribuída, a trajetória de crescimento deve continuar com um ritmo acelerado, chegando a 35 GW em 2030, ante 9,3 GW em 2021.