A EDP Brasil tem como estratégia aumentar sua presença em geração solar fotovoltaica nos próximos três anos, ao mesmo tempo em que reduz a fonte hídrica por meio da venda de algumas das suas usinas. Os planos da empresa controlada por portugueses envolvem ainda a venda do controle da sua usina a carvão, o aumento do peso de transmissão no resultado, e a manutenção das atuais concessionárias de distribuição, com a possibilidade de aquisição do controle da Celesc, caso venha ao mercado.
Em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre do ano, o presidente da companhia, João Marques da Cruz, explicou que a ideia é que 10% do Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2025 venha de geração solar e comercialização, contra 4% do primeiro semestre deste ano.
A fatia de geração hidrelétrica deve ser mantida em 19%, enquanto o caixa gerado pelo segmento de transmissão deve crescer dos 12% atuais para 19% daqui três anos, com a entrada de mais projetos em operação. Outra diferença é que este retrato não contempla a geração termelétrica por meio da sua usina a carvão, Pecém.
“Pretendemos ter um terço de solar e dois terços hídrica, e para isso teremos que trocar hídrica por solar, reduzindo nossa exposição ao risco hidrológico”, disse o executivo, durante a teleconferência.
Como parte dos esforços na transição energética, a EDP espera “desconsolidar” Pecém, que tem 720 MW de potência e opera a partir de carvão importado da Colômbia. “A EDP pretende ser a operadora técnica, mas desconsolidando esta usina”, disse Marques da Cruz. Para desconsolidar o ativo e continuar sendo operadora, a EDP precisará vender o controle da usina para outro sócio. Segundo o executivo, o contrato de disponibilidade da termelétrica, que vai até julho de 2027, será cumprido.
O executivo admitiu que o processo de venda das hidrelétricas Santo Antonio do Jari, Cachoeira Caldeirão e Mascarenhas está levando “alguns meses”, mas rechaçou que isso signifique “demora”, já que a EDP não tem obrigação de vender os ativos no curto prazo. “São hídricas excelentes, com níveis ótimos de operação”, disse, completando que o processo de venda “pode durar mais meses”, já que a transação só sairá se houver uma proposta que “dê o devido valor”.
Questionado sobre potencial interesse na compra do controle da Celesc, onde a EDP já tem uma participação minoritária relevante, Marques da Cruz afirmou que, se o governo de Santa Catarina decidir pela privatização, a companhia vai avaliar as possibilidades.
Já a compra da Enel Goiás, antiga Celg D, está descartada pela EDP Brasil, que comprou o braço de transmissão de geração da estatal goiana em leilão em outubro de 2021.
“Fizemos uma análise de risco da concessão, dentro da matriz e do apetite de risco da EDP, e encontramos algumas dificuldades”, disse Luiz Otavio Assis Henriques, vice-presidente de Geração, Comercialização e Distribuição da companhia. “A nossa conclusão é que a concessão tem alguns riscos cujas ferramentas que temos não são as melhores para mitigação”, afirmou.