A confirmação de Wilson Ferreira Junior de volta ao comando da Eletrobras foi bem recebida por analistas do setor, assim como a eleição do novo conselho de administração da companhia, que será presidido por Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras.
“A confirmação de um conselho e um CEO capaz é importante, tendo em vista os desafios significativos que a Eletrobras poderá enfrentar, incluindo a venda de grandes montantes de energia no mercado livre, melhora da eficiência e da estrutura corporativa, modernização de ativos, além de definir referências para o futuro crescimento e preparar a companhia para a abertura do mercado livre”, escreveram os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano, do Credit Suisse, em relatório enviado a clientes.
Na assembleia geral extraordinária (AGE) da última sexta-feira, 5 de agosto, foram eleitos todos os nomes indicados para o conselho da nova companhia privatizada. O atual presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, vai ocupar a diretoria de Regulação e Relações Institucionais a partir de 20 de setembro, quando Ferreira Junior deve retornar à cadeira.
Ferreira Junior anunciou sua saída da Eletrobras em janeiro do ano passado, quando o processo de privatização estava estagnado, sem autorização do Congresso para avançar. Depois disso, em fevereiro, o governo enviou a Medida Provisória 1.031, que foi aprovada em junho, permitindo as condições legais para a privatização da companhia.
Nesse último ano, Ferreira Junior esteve no comando da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, e implementou uma série de mudanças na companhia, com diversificação dos investimentos para se tornar uma empresa de energia, incluindo a aquisição de 50% da Comerc Energia, que é a controladora da MegaWhat.
Segundo os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Karoline Correia, do Itaú BBA, a confirmação do conselho e do presidente na AGE foi um evento importante para reduzir os riscos que a Eletrobras terá pela frente.
Os analistas do Itaú BBA esperam que a Eletrobras anuncie em breve um novo programa de demissão voluntária, assim como um plano estratégico para os próximos anos.
“Acreditamos que muitos investidores internacionais vão comprar as ações quando houver melhor visibilidade sobre o que a companhia planeja fazer para se tornar eficiente”, escreveram os analistas do Itaú BBA.
Enquanto os investidores internacionais não embarcam na Eletrobras, as ações seguem em movimento de alta constante. Por volta de 13h20 (de Brasília), as ações ordinárias (ELET3) da Eletrobras subiam 0,91%, a R$ 48,57, e as preferenciais classe B (ELET6) subiam 1,34%, a R$ 50,85.
De acordo com um analista de mercado, que falou sob condição de anonimato, as ações da companhia dependem dos investidores internacionais para capturar a alta potencial, mas esse movimento também depende de definições a respeito do governo do Brasil a partir de 2023.