A AES Brasil anunciou a compra de 456 MW em projetos de geração eólica da Cubico Brasil, por R$ 2,033 bilhões, valor que inclui a assunção de R$ 928 milhões em dívida. Os empreendimentos são todos operacionais e contam com contratos de longo prazo assegurados por meio de leilões, com preços atrativos e duração até 2034 e 2035.
Financiamento
Para financiar a operação, que levará à companhia a 4,2 GW em operação de fontes renováveis, a AES Brasil vai fazer uma emissão de até 116,2 milhões de novas ações ordinárias, totalizando até R$ 1,116 bilhão, a R$ 9,61 a ação – um desconto de cerca de 10% em relação ao fechamento do pregão de ontem, 8 de agosto, de R$ 10,68.
O preço por ação foi fixado considerando o preço médio ponderado por volume das ações da companhia na B3 nos últimos 60 pregões, com deságio de 10% sobre o valor apurado.
A americana AES, holding que controla a AES Brasil, manifestou seu compromisso de exercer o direito de preferência na subscrição das ações, no montante mínimo de US$ 100 milhões, equivalentes a R$ 512,5 milhões no câmbio de ontem. Isso significa que a controladora comprará sua parcela equivalente das novas ações emitidas, injetando dinheiro na companhia e evitando ter a participação diluída.
Os projetos
Foram adquiridos os parques Ventos do Araripe, de 210 MW, no Piauí, contratado num leilão de reserva de 2013 e em operação desde 2015; o Caetés, de 181,9 MW, em Pernambuco, também contratado no leilão de reserva de 2013 e em operação desde 2016; e o projeto Cassino, no Rio Grande do Sul, com 64 MW de potência e contratado no leilão de fontes alternativas de 2010, em operação desde 2015.
A AES Brasil tem hoje cerca de 1 GW em construção referente aos projetos Tucano e Cajuína, no Nordeste, além de mais 1,15 GW em projetos desenvolvidos na casa em negociação em diferentes estágios com possíveis consumidores livres.
Quando eles entrarem em operação comercial, a empresa saltará para 5,2 GW em geração, sendo 52% da potência hídrica, 43% eólica e 6% solar fotovoltaica.
“Estamos em busca de boas oportunidades, sejam elas greenfield ou M&A. A excelente capacidade operacional da Companhia, nos permite assumir desafios com a compra de ativos operacionais que sob nossa operação maximizarão a sua rentabilidade”, disse, em nota, Bernardo Sacic, Diretor de M&A da AES Brasil.
Taxa de retorno
Segundo o Itaú BBA, a aquisição foi feita em termos atrativos, mas os ganhos são quase que compensados pelo impacto negativo da diluição dos sócios, por causa do aumento de capital.
O cenário base do Itaú BBA chegou numa taxa de retorno real de 10% para a aquisição, com valor presente líquido de R$ 255 milhões. A AES Brasil acredita que pode operar os parques com mais eficiência e melhorar a margem Ebitda nos próximos anos, segundo o relatório do banco. “A AES nos disse que os ativos tiveram performance fraca nos últimos anos, em grande parte por conta de problemas operacionais (baixa disponibilidade), e não por ventos fracos”, escreveram os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luzia Candiota e Karoline Correia.
A diluição resultante da emissão de novas ações, contudo, deve anular os ganhos em valor presente líquido, alertaram os analistas, que consideraram um fator de geração P50, com déficit de 5%, capex de manutenção de cerca de R$ 30 milhões por ano, e custo da dívida de TJLP mais 2% para a dívida existente e IPCA mais 6% para novas emissões.