Os leilões de reserva de capacidade oferecem grandes oportunidades para o biogás e a energia gerados a partir de resíduos agrícolas no Brasil, como a cana-de-açúcar, disse Caio Leocadio, consultor técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), durante participação no Fórum da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
“Temos um potencial de contratação muito grande de energia limpa e barata”, disse Leocadio, lembrando que o governo discute atualmente realizar leilões com neutralidade tecnológica justamente para contratar projetos mais competitivos.
Segundo o especialista, se a biomassa e o biogás forem naturalmente competitivos, terão atributos para participar de leilões de energia e de capacidade, já que são usinas despacháveis. “Queria destacar esse potencial de curto prazo, no próximo ano temos grande potencial para uso de biomassa”, disse.
Os desafios do biometano
O evento discutiu ainda o potencial de produção de biogás e biometano a partir da vinhaça, resíduo gerado pela destilação da cana-de-açúcar, em complementariedade à queima do bagaço da cana para geração de energia elétrica em termelétricas pela indústria sucroalcooleira.
Segundo Ricardo Mussa, presidente da Raízen, a indústria de produção de biometano no Brasil tem grande potencial, mas o governo precisa adotar políticas que incentivem as distribuidoras de gás a investirem na conexão das plantas. Ele disse que há hoje uma demanda muito grande por biometano, inclusive para abastecimento de veículos que têm essa tecnologia, mas há desafios na conexão dos biocombustíves gerados com os gasodutos e os consumidores.
Por isso, as empresas estão aproveitando a vinhaça para geração de biogás para geração de energia elétrica, uma solução “mais simples e menos vantajosa”, segundo Mussa.
“Hoje tem uma fila de consumidores para comprar biometano, e não tem biometano para vender”, disse Cristopher Vlavianos, presidente do conselho da Comerc Energia – que é a controladora da MegaWhat.
Os executivos destacaram que o biometano pode ser um produto a ser exportado pelo Brasil, devido ao enorme potencial de produção no país. O mesmo vale para o etanol de segunda geração, disse Mussa, que afirmou que o ideal seria eletrificar as usinas, para que sobre mais bagaço de cana que poderá se transformar no combustível.