Mercado Livre

Mercado de derivativos de energia avança e XP e Urca fazem operação de R$ 50 milhões

Poucos meses depois de inaugurar o mercado de opções de energia elétrica via derivativos, a XP Investimentos fechou recentemente a maior operação do tipo já registrada no país, da ordem de R$ 50 milhões. Desta vez, a Urca Energia foi a outra ponta do negócio, que tem a finalidade de proteger 40 MW médios contra volatilidade nos preços da energia elétrica. "O objetivo foi oferecer para um cliente nosso gerador uma proteção contra a volatilidade de preços que temos observado no mercado desde o ano passado", disse Pedro Assumpção, sócio da Urca Energia.

Mercado de derivativos de energia avança e XP e Urca fazem operação de R$ 50 milhões

Poucos meses depois de inaugurar o mercado de opções de energia elétrica via derivativos, a XP Investimentos fechou recentemente a maior operação do tipo já registrada no país, da ordem de R$ 50 milhões. Desta vez, a Urca Energia foi a outra ponta do negócio, que tem a finalidade de proteger 40 MW médios contra volatilidade nos preços da energia elétrica.

“O objetivo foi oferecer para um cliente nosso gerador uma proteção contra a volatilidade de preços que temos observado no mercado desde o ano passado”, disse Pedro Assumpção, sócio da Urca Energia.

A XP atuou como vendedora das opções, seguindo adiante em sua estratégia de ser tornar market maker no mercado de derivativos de energia brasileiro, ainda muito pequeno. Em julho, a empresa negociou um contrato semelhante com a Gold Energia, que também buscava proteção para um cliente. O negócio foi de menor porte, da ordem de R$ 7,5 milhões, mas indicou o caminho a ser perseguido pela XP.

O contrato com a Urca foi registrado na B3, assim como tinha sido feito o com a Gold Energia. “Mas nada impede que façamos um próximo na BBCE, o que queremos é fomentar a nova ferramenta de proteção”, disse Marcelo Leitão, que comanda a área comercial da XP Comercializadora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

“Dessa vez, foi a maior operação do mercado de derivativos de opção, mas temos feito outras também, como NDFs”, disse Leitão, se referindo aos contratos a termo de energia sem entrega física, ou Non-Deliverable Forwards, em inglês. As opções de compra e venda de energia são um avanço neste mercado, já que são instrumentos mais robustos e ajudam a mitigar um dos maiores problemas do mercado, que é a falta de previsibilidade sobre a volatilidade de preços de energia. “Quando tivemos uma crise hídrica no ano passado, os preços foram do PLD teto para o piso em questão de meses”, disse Assumpção, da Urca.

A demanda surgiu de um cliente da Urca, que buscou a parceria com a XP para entregar a solução necessária. “Entendemos que poderiam ser um parceiro, uma boa contraparte na operação”, disse Assumpção.

No caso da XP, a gestão de risco interna é gerenciada da mesma forma que as outras operações de derivativos, e o custo operacional é da casa. O gerador de energia, cliente da Urca, fez o pagamento do prêmio de forma antecipada, tudo dentro do pacote de venda da opção pela XP.

O interesse dos investidores por esse tipo de produto tem crescido a cada dia, segundo os especialistas. No caso da XP, a concorrência é bem-vinda, já que a empresa quer fomentar o desenvolvimento de um mercado com giro consideravelmente pequeno no Brasil neste momento. 

Os próximos passos devem envolver a negociação de produtos diferentes e desejados pelo mercado, como swaps de submercados, entre energia convencional e incentivada, e até mesmo para modulação da curva de geração de clientes. Esse tipo de derivativo permite a troca de fluxos associados à variação sofrida nos contratos. Um agente que tenha o consumo em um submercado, mas tenha a geração em outro, pode usar esse tipo de derivativo para se proteger de problemas causados pelo descasamento dos preços, por exemplo.

Segundo Leitão, a XP já foi provocada a desenvolver um produto que proteja os consumidores da variação de encargos, mas este ainda está longe de se tornar realidade, já que os swaps, por exemplo, ainda não são negociadas e são relativamente mais simples de serem precificados.

“Há uma demanda reprimida muito grande por esse tipo de mercado”, disse Assumpção, que citou algumas incertezas do mercado de energia, como as causadas por “canetadas regulatórias” que afetam a dinâmica do PLD. “O cliente, gerador ou cliente final, não quer ter esse tipo de exposição”, explicou.

Se a XP quer fomentar o mercado financeiro associado à energia, a Urca busca desenvolver soluções adequadas para as necessidades de seus clientes, no conceito one stop shop

Na semana passada, enquanto acertava o derivativo de energia com a XP, a Urca inovou ao lançar uma tokenização de contratos de energia em parceria com o Mercado Bitcoin. O token lançado, chamado ENER02, corresponde a uma cesta de contratos de comercialização de energia entre a Urca e alguns de seus clientes, em mais uma ação para fomentar a penetração de produtos financeiros lastreados em energia e ampliar o leque de opções de investimento disponíveis no país.

“Temos fomentado bastante na mesa o desenvolvimento desses produtos diferentes e customizados, já começamos a receber mais demandas”, disse Assumpção. Segundo ele, ainda são poucas as casas com o perfil da XP, “onde você chega com uma ideia e eles precificam no modelo deles.”

(Atualizado em 20/09/2022, às 9h40)