A Agência Internacional de Energia (IEA), a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) e representantes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) elaboraram, de forma conjunta, um relatório com diversas diretrizes colaborativas para guiar países e outros atores internacionais a enfrentarem os desafios da mudança climática nos setores de energia, transporte rodoviário, aço, hidrogênio e agricultura.
De acordo com o estudo, esses cinco setores são responsáveis por quase 60% das emissões de gases de efeito estufa atualmente, sendo essenciais para se pensar as metas estabelecidas no Acordo de Paris (2015). Apesar do aumento recente na cooperação internacional, avanços nessas áreas ainda precisam ser feitos.
Para Fatih Birol, diretor-executivo da IEA, a crise energética atual demanda uma transição sustentável mais célere, barata e fácil, e é justamente por meio da colaboração internacional que isso será realizado. “Sem essa colaboração, a transição para a emissão zero será muito mais desafiadora e pode ser atrasada em décadas”, afirmou Birol.
O relatório mostra que a capacidade instalada global de renováveis cresceu cerca de 130% na última década, enquanto fontes não-renováveis aumentaram em 24%, mas o mundo ainda precisa de uma capacidade adicional de 630 GW da fonte solar e 390 GW da fonte eólica até 2030. Para atingir esse objetivo, as agências internacionais recomendam, entre outras coisas, um maior alinhamento regional, visando apoiar a transição dos sistemas energéticos de países vizinhos.
Na grande área do transporte rodoviário, o foco do relatório foi sobre veículos elétricos, que precisam representar 60% de todos os veículos do mundo até 2030, com respectivo aumento na infraestrutura pública de carregamento. Segundo as agências, será preciso mobilizar apoio técnico e financeiro a países em desenvolvimento, além de definir padrões para as baterias desses veículos, de forma a facilitar o reuso e a reciclagem de seus componentes.
O documento afirma, ainda, que a produção de hidrogênio renovável e de baixo carbono deverá crescer até cerca de 150 megatoneladas até 2030, dobrando sua capacidade a cada ano. Para que essa meta seja atingida, será preciso definir padrões e governança do setor, incluindo o que se refere às certificações e medidas de segurança do combustível.
“A crise energética e climática expôs as fraquezas e vulnerabilidades de um sistema altamente dependente dos combustíveis do século XX. Nada além de uma ação radical e imediata vai eliminar de vez a chance de nos mantermos no caminho para 1.5°C”, afirmou Francesco La Camera, diretor-geral da Irena, reforçando a necessidade de uma maior colaboração internacional para o atingimento das metas de enfrentamento do aquecimento global.
Somado ao objetivo da descarbonização e transição energética, o documento também apresenta análises que mostram que alguns custos de tecnologias renováveis podem cair cerca de 18% até 2030, além de criar quase 85 milhões de trabalhos no mesmo período de tempo.