A venda da Celg D pela Enel Brasil para a Equatorial Energia vai beneficiar a capacidade de investimentos da italiana no país, de acordo com a agência de classificação de riscos Fitch Ratings. A agência, contudo, colocou a nota de crédito da distribuidora de energia de Goiás em observação negativa, uma vez que o rating da Equatorial é inferior ao do grupo italiano no país.
O negócio, anunciado pelas empresas na semana passada, envolve o pagamento de R$ 1,6 bilhão pela Equatorial à Enel Brasil na data de fechamento, além do pagamento de uma dívida de quase R$ 5 bilhões com a italiana no período de um ano.
Segundo a Fitch, a entrada dos recursos no caixa da Enel Brasil vai permitir que a companhia faça frente aos fluxos de caixa livre de 2022 e 2023, que devem ser negativos, em R$ 2,4 bilhões e R$ 1,8 bilhão, respectivamente. Além disso, a venda vai permitir que a empresa mantenha a estratégia de investir em geração por fontes renováveis e nas suas outras distribuidoras.
Para a Celg D, a operação pode levar a um rebaixamento do rating, já que sua nota hoje, AAA, é sustentada pelo rating da Enel Brasil, que também é AAA, em escala local. As três subsidiárias da Equatorial avaliadas pela Fitch (Equatorial Pará, Equatoial Transmissão e Echoenergia) têm o rating em escala nacional AA+.
“O perfil de crédito da Enel Goiás se enfraquecerá ao fazer parte do grupo Equatorial, dada a menor qualidade de crédito deste quando comparado ao grupo Enel Brasil”, diz o relatório da Fitch.
O relatório afirma que ambos os grupos têm elevada escala e portfólio diversificado de ativos, assim como amplo acesso a diversas fontes de financiamento. “No entanto, a Enel Brasil se beneficia de menor alavancagem financeira e da existência de incentivos que a sua controladora, a Enel Américas, teria em suportá-la, se necessário”, continua o texto.
A Fitch afirmou ainda os ratings em escala nacional das subsidiárias da Equatorial Energia em AA+. Segundo a agência, apesar do porte do ativo adquirido, a companhia tem espaço em seu endividamento e flexibilidade financeira para executar o negócio sem pressionar as classificações de suas subsidiárias. A compra da Celg D contribui ainda ao aumentar a diversificação da Equatorial.