O desempenho mais fraco da Petrobras do ponto de vista operacional, conforme relatório de produção e vendas do terceiro trimestre, divulgado na última segunda-feira, 24 de outubro, está de acordo com o esperado por analistas que acompanham a petroleira. Apesar da queda na produção e nas vendas no período, em relação ao terceiro trimestre do ano passado, porém, os especialistas, em geral, esperam um resultado financeiro robusto da companhia, previsto para ser divulgado em 3 de novembro.
O Credit Suisse destacou o aspecto marginalmente negativo do relatório de produção da Petrobras para o resultado que será divulgado na próxima semana. Ainda assim, a casa de análise espera um “resultado forte” relativo ao terceiro trimestre.
Em relatório assinado por Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, o banco suíço estima um lucro líquido de US$ 6,9 bilhões da Petrobras no terceiro trimestre alta de 108% ante o apurado em igual período do ano passado), com receita líquida na casa dos US$ 31,9 bilhões (alta de 37%) e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 17,5 bilhões (alta de 50%).
A XP, por sua vez, projeta lucro líquido de US$ 8,3 bilhões, com receita líquida de US$ 31 bilhões e Ebitda ajustado de US$ 17,5 bilhões. “Esperamos mais um trimestre sólido para a empresa. Embora tenha havido uma queda nos preços médios do Brent (média de US$ 98/barril, queda de 13% na comparação com o segundo trimestre), ela foi parcialmente compensada por um real mais fraco (média de R$ 5,22, alta de 5%)”, afirma a casa de análise, em relatório assinado por Andre Vidal e Helena Kelm.
Na avalição do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o atual desempenho operacional da Petrobras, com quedas trimestrais consecutivas na produção de óleo e gás e a redução tanto do volume de vendas de derivados no mercado interno quanto das exportações de petróleo e derivados, evidencia os impactos negativos da estratégia de desinvestimentos da companhia.
Na opinião da Federação Única dos Petroleiros (FUP), porém, as quedas na produção de petróleo e gás e no refino são reflexo do “processo de encolhimento da maior empresa do país, que reduziu participação nos contratos de partilha, vendeu campos de petróleo, refinarias, terminais, gasodutos, termelétricas, usinas eólicas, entre outros”. Segundo a entidade, desde janeiro de 2019, a Petrobras vendeu 63 ativos.