Sustentabilidade

Emissão de gases de efeito estufa no Brasil têm maior alta em 19 anos, aponta relatório

O setor elétrico brasileiro registrou um aumento de 12,2% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 2021, passando de 387 MtCO2e em 2020 para 435 milhões de toneladas de CO2 equivalente (MtCO2e) em 2021. O aumento é apontado no novo levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima.

Sustainable energy campaign tree light bulb media remix
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O setor elétrico brasileiro registrou um aumento de 12,2% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 2021, passando de 387 MtCO2e em 2020 para 435 milhões de toneladas de CO2 equivalente (MtCO2e) em 2021. O aumento é apontado no novo levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima.

Segundo o documento, um dos principais fatores que contribuíram para o aumento foi a crise hídrica de 2021, que resultou na pior estiagem em nove décadas no Centro-Sul do país, resultando no acionamento de termelétricas, “que o governo tornou permanente”.  

“Isso diminuiu a parcela de energias renováveis na matriz elétrica nacional. Enquanto o consumo de eletricidade aumentou 4%, as emissões por geração de eletricidade cresceram 46%”, diz o documento. 

Além disso, a queda na safra de cana no Sudeste, que levou a uma alta no preço do etanol, também contribuiu para o aumento, já que reduziu a participação dos biocombustíveis nos transportes.  

Outros setores econômicos brasileiros que contribuíram para o crescimento das emissões de GEE no ano passado foram o da indústria e produtos (8,2%) e a agropecuária (3,8%), que alcançou 601 milhões de toneladas de emissões no ano passado, ante 579 milhões em 2020 – apenas a pecuária correspondeu a 79,4% desse crescimento. 

“O mais preocupante é que, mesmo com os compromissos assumidos pelo país em sua NDC (a meta no Acordo de Paris), no Compromisso Global do Metano e no Plano ABC, que tem mais de dez anos, em 2021, tivemos o recorde de emissões para a pecuária e a agricultura do Brasil”, salienta Renata Potenza, coordenadora de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora. “Considerando as metas de redução de emissões assumidas na NDC do país para 2025 e 2030, o patamar atual torna o alcance dessas metas cada vez mais distante”.  

O setor de resíduos foi o único com emissões estáveis, tendo registrado 91,2 milhões das emissões em 2020, e 91,1 milhões em 2021. Do total, 64% das emissões foram derivadas na disposição de lixo e 28% advindo do tratamento de esgoto.  

“Na verdade, houve uma pequena — bem pequena — redução, da ordem de 0,12%. Isso é inédito na série histórica”, observa Iris Coluna, assessora técnica do ICLEI, responsável pelas estimativas desse setor. “E foi por um ótimo motivo”. Houve uma redução nas emissões relacionadas com a disposição final de resíduos sólidos, alavancada por um aumento na quantidade de metano recuperado em aterros sanitários.  

Desmatamento na Amazônia em 2021 

O fator de maior impacto na elevação das emissões de GEE foi o crescimento da área desmatada na Amazônia e nos demais biomas brasileiros, que contribuíram na emissão de 1,19 bilhão de toneladas brutas no ano passado, ultrapassando os 1 bilhão de toneladas registrados em 2020, aponta o relatório. 

O crescimento nas emissões brutas na região, de 18,5%, só é superado na série histórica pelo ano de 2003, no qual o aumento foi de 30%. O desmatamento da Amazônia foi responsável por 65% no carbono emitido no país em 2021.  

Segundo Tasso Azevedo, coordenador do Seeg, o balanço de dez anos do sistema mostra que o Brasil teve uma década perdida para controlar sua poluição climática.

“Desde a regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em 2010, nós estamos patinando. Não apenas não conseguimos reduzir nossas emissões de maneira consistente, como as aumentamos nos últimos anos, e de forma expressiva”, destaca. “O Brasil tem as ferramentas de política pública, a tecnologia e os recursos para mudar sua trajetória, mas é preciso que o governo e a sociedade entendam que isso é fundamental para dar segurança à população em tempos de eventos extremos acelerados e para alavancar a economia”. 

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