A Shell anunciou parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para pesquisar a viabilidade energética do agave, principal matéria-prima da tequila, e no Brasil, do sisal, como fonte renovável.
Com duração prevista de cinco anos, o programa, denominado Brave (Brazilian Agave Development), receberá investimentos de R$ 30 milhões da Shell, oriundos da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo comunicado da empresa, o potencial energético do agave é comparável ao da cana-de-açúcar, com a vantagem de demandar 80% menos irrigação e uso de fertilizantes. A Unicamp projeta que, em cinco anos, o plantio do material seja responsável pela produção de 880 toneladas de biomassa, por hectare, armazenando 617 toneladas de água e captura 385 toneladas de carbono.
“Nossa estimativa é que, em um hectare de agave, seja possível produzir 7,4 mil litros de etanol de primeira e segunda gerações por ano. Com esses dados, pensamos na dinâmica de uma biorrefinaria ao propormos utilizar tudo o que o agave oferece, desde a pinha até as folhas”, afirma Gonçalo Pereira, coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia (LGB) da Unicamp.
O programa desenvolverá soluções biológicas para a melhoria da produtividade, adaptabilidade e resistência da matéria-prima, assim como a criação de equipamentos para plantio e colheita.
A parceria ainda prevê a construção de plantas piloto de processamento e refino da biomassa a serem instaladas na Bahia, convertendo o agave em biocombustíveis e outros produtos renováveis, como etanol de primeira e segunda gerações e biogás.
“Queremos ajudar a criar tecnologia para um novo conceito de produção de bioenergia no país, que pode viabilizar o surgimento de uma nova cadeia industrial colocando o sertão brasileiro como potencial polo produtor de biocombustíveis para o mundo, ao mesmo tempo em que ajudamos a desenvolver uma das áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica do Brasil”, afirma Alexandre Breda, gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell Brasil.
A iniciativa faz parte do portfólio de projetos de Tecnologias de Baixo Carbono da Shell Brasil, sob a gerência de Alexandre Breda, e que tem Marcelo Medeiros na coordenação das atividades. O professor doutor Gonçalo Pereira é o coordenador técnico do Brave, com a participação de outros nove pesquisadores e mais de 50 alunos bolsistas e técnicos da Unicamp, além de parceiros de outras instituições acadêmicas.