Reportagem do Valor Econômico ressalta que o setor elétrico brasileiro vai passar por transformações que devem mudar a forma como a maioria dos brasileiros compra energia elétrica. Com a possibilidade de os consumidores escolherem livremente seu fornecedor, empresas nacionais e internacionais de portes e segmentos variados preparam suas estratégias. São empresas como Vitol, Raízen, Santander e BTG.
A reportagem explica que o Brasil possui hoje cerca de 10,7 mil consumidores livres, mas com a retomada do processo de abertura do mercado de energia elétrica vai criar um potencial de mercado de quase 90 milhões de unidades consumidoras. E capaz de girar R$ 400 bilhões por ano. Comercializadoras de energia terão que investir R$ 6,5 bilhões para a captação de novos consumidores.
O movimento abre espaço para novos competidores, como bancos, comercializadoras varejistas, geradoras de energia, petroleiras e até companhias de telefonia, com oferta de serviços personalizados para disputar negócios com empresas independentes pioneiras no mercado livre. A abertura é centrada no PL 414/2021, que trata da modernização do setor elétrico, e das consultas públicas e portarias do Ministério de Minas e Energia.
Mudança cria oportunidades, mas distribuidoras alertam para custos
Em uma segunda reportagem sobre o tema da expansão do mercado livre de energia elétrica, o Valor Econômico explica que o setor responde atualmente por cerca de um terço da carga do país e o crescimento nos últimos anos levou o segmento ao posto de impulsionador das fontes de energias renováveis no Brasil. Mas o mercado cativo, puxado pelas distribuidoras de energia, alerta que as mudanças trazem custos que ainda precisam ser melhor debatidos.
A velocidade com que a agenda de abertura do setor avança deve ampliar o número de consumidores, que em poucos anos podem ter acesso a serviços de energia diversos. Fontes são categóricas ao afirmarem que a expansão do sistema elétrico deve se dar predominantemente pelo Ambiente de Contratação Livre (ACL).
A Abradee, associação que representa as distribuidoras de energia, aponta que os consumidores que permanecerem no mercado regulado vão assumir sozinhos os custos da segurança do setor elétrico. “Precisamos de medidas para mitigar os impactos de custos da sobrecontratação; do lastro das usinas termelétricas; e, ainda, os subsídios aos usuários que compram energia de fontes incentivadas no Ambiente de Contratação Livre. Estes impactos devem ser evitados através de instrumentos legais que, caso não sejam implementados antes da abertura do mercado de baixa tensão, poderão trazer custos totais às tarifas de até R$ 116 bilhões aos consumidores, sendo R$ 73 bilhões ao mercado regulado”, diz Marcos Madureira, presidente da Abradee.
Margem Equatorial é o novo alvo da Petrobras
O Valor Econômico informa que apesar das sensibilidades ambientais, a Petrobras vai publicar em novembro um plano de negócios que reforça a intenção de abrir uma nova fronteira exploratória em águas profundas na chamada Margem Equatorial.
É uma região que se estende do litoral do Rio Grande do Norte ao Oiapoque (AP), no extremo norte do país, e inclui as bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. O objetivo da Petrobras é assegurar uma nova frente de produção a partir da década de 2030, de modo a repor a perda de reservas com o avanço da extração no pré-sal, que começou em 2010, há doze anos.
A avaliação de especialistas é que terminou o ciclo de grandes descobertas potenciais no pré-sal, daí a prioridade dada pela empresa à Margem Equatorial. “É uma região muito promissora”, diz Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (ANP). Para ela, a sensibilidade ambiental da Margem existe, mas os riscos se reduzem pelo fato de as atividades serem conduzidas em região distante da costa e com reservas em águas profundas.
Petroleiras já testaram a região
Em uma segunda reportagem sobre a exploração da Margem Equatorial brasileira, o Valor Econômico informa que a região é viável, na visão de especialistas do setor de energia. Até agora, entretanto, a história aponta numa direção diferente. Há mais de 600 poços perfurados na região, mas a maior parte das perfurações realizadas nessas bacias ocorreu antes dos anos 2000 e, entre aquelas feitas nos últimos 20 anos, a maioria não encontrou petróleo suficiente para viabilizar atividades comerciais.
Na década passada, outras petroleiras além da Petrobras se interessarem novamente pela área, mas não conseguiram prosseguir com as campanhas exploratórias. Em 2017, britânica BP chegou a iniciar o planejamento logístico para atividades no Pará, mas o processo não seguiu adiante. No ano seguinte, a francesa TotalEnergies teve um pedido para perfurar na Foz negado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão ambiental argumentou que faltou apresentação de soluções logísticas adequadas para eventuais cenários de emergência.
Procuradas a respeito da possibilidade de voltar a atuar na região, a TotalEnergies não comentou e a BP disse que avalia continuamente oportunidades, mas não comenta investimentos futuros. O Ibama também não respondeu aos contatos da reportagem.
Eletrobras deve identificar a nova estrutura da holding e subsidiárias até o fim do mês
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr disse ontem (10/11) que a companhia deve identificar até o fim do mês os modelos da nova estrutura da holding e de suas subsidiárias. Segundo ele, que participou de teleconferência com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre, esse é um dos próximos passos da companhia e na sequência da identificação da nova estrutura, a empresa vai definir a descrição de trabalho (“job description”) para as pessoas que serão contratadas para atuar na nova estrutura.
A meta da empresa é migrar para o Novo Mercado, principal segmento de governança da B3, a Bolsa de Valores brasileira, até o dia 31 de dezembro, segundo Ferreira Jr. Já o plano estratégico e o plano diretor devem estar atualizados até o fim de janeiro. (Valor Econômico)
SP financia usina solar flutuante sobre cava
O banco de fomento estadual de São Paulo, Desenvolve SP, vai financiar a execução de um projeto do Grupo AB Areias para construir uma usina solar flutuante sobre uma cava de mineração exaurida no município de Roseira, na região do Vale do Paraíba, conforme informação do Valor Econômico. Para executar o projeto, inédito no Brasil, serão desembolsados R$ 5,3 milhões.
A cava de mineração exaurida é uma espécie de lago contaminado pela atividade de garimpo. Com a construção de uma usina fotovoltaica, a presidente do Desenvolve SP, Gabriela Redona Chiste, explica que a área de 7.384 m2 deixará de ser um território ambientalmente degradado e passará a ser utilizada de acordo com os princípios de sustentabilidade estabelecidos pelo Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário.
“É uma área que tinha ficado sem utilização que já havia sido totalmente degradada pela mineração. Agora, terá uma destinação para gerar energia de uma fonte renovável importante como a fotovoltaica”, diz Chiste. A geração média de energia esperada após a instalação completa da usina em Roseira será entre 100 mil kW/h e 120 mil kW/h.
PANORAMA DA MÍDIA
A reação da Bolsa de Valores e do dólar após a primeira fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, ontem (10/11), na sede do governo de transição, em Brasília, é destaque na edição desta sexta-feira dos principais jornais do país.
O mercado financeiro refletiu ontem (10/11) o descontentamento de investidores com as críticas feitas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a regras que limitam os gastos públicos. O dólar comercial à vista disparou 4,08% e fechou cotado a R$ 5,3960, na venda. O Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores brasileira, tombou 3,35%, aos 109.775 pontos, no maior recuo diário desde setembro de 2021. (Folha de S. Paulo)
Agentes econômicos temem que a PEC da Transição – negociada para garantir a liberação de despesas – possa deteriorar a sustentabilidade da dívida pública. A indicação do ex-ministro Guido Mantega para um grupo da transição pesou adicionalmente nos ativos. “Nunca vi mercado tão sensível como o nosso”, afirmou Lula, após a queda da Bolsa. (Valor Econômico)
Ao comentar a reação negativa, Lula chamou os agentes do mercado financeiro de “sensíveis”. “Nunca vi mercado tão sensível quanto o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos de Bolsonaro”, afirmou o petista no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, onde funciona a sede do governo de transição. (O Estado de S. Paulo)
Não foi só o mercado financeiro que reagiu mal à fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, em Brasília. No círculo de aliados mais próximos a Lula, incluindo uma ala mais moderada do PT, as declarações despertaram preocupação. Na expressão usada por um aliado não-petista, “as cabeças pensantes” do PT sentiram o peso da queda de 3,35% na Bolsa e da alta de 4,08% no dólar em reação ao discurso de Lula em uma reunião aberta com parlamentares. (O Globo – coluna de Malu Gaspar)