O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva discursou no início da tarde desta quarta-feira, 16 de novembro, horário de Brasília, na 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), prometendo não medir esforços para zerar o desmatamento da Amazônia até 2030 e cobrando o fundo de US$ 100 bilhões ao ano para os países em desenvolvimento, que deveriam ser disponibilizados a partir de 2020.
“Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030 (…). Por esse motivo quero aproveitar essa conferência para anunciar que embate contra a mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu próximo governo.
Lula também destacou o anúncio da Alemanha e Noruega, de reativarem o Fundo Amazônia para financiar medidas de proteção ambiental da floresta, e que teria “mais de US$ 500 bilhões congelados desde 2019, devido à falta de compromisso do governo atual com a proteção da Amazônia”.
Além disso, o presidente eleito enfatizou que em 2024 o país vai presidir o encontro do G20, e que a agenda climática será uma das prioridades. “Preciso discutir com países ricos várias decisões que não saem do papel e não são executadas. Não podemos ficar prometendo e não cumprindo, senão seremos vítimas de nós mesmos”, disse Lula.
Nessa questão, Luiz Inácio destacou o acordo da COP15, em Copenhague, de US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020, para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentarem a mudança climática.
“Quero dizer que minha volta também é para cobrar o que foi prometido na COP15” disse Lula, enquanto gritos de “O Brasil voltou” eram escutados ao fundo. O presidente eleito ainda completou que “é triste, mas esse compromisso nem foi e nem está sendo cumprido e nos leva a avançar em outro tema da COP27: precisamos com muita urgência de mecanismos financeiros para remediar a mudança do clima”.
Para que as promessas da conferência saiam do papel, Lula cobrou uma mudança na liderança da ONU, e a criação de uma política de governança climática global. “É tempo de agir. Não temos mais tempo a perder nessa corrida em direção ao abismo”, disse o presidente eleito.
“Não é possível que a ONU seja dirigida pela mesma lógica da geopolítica da segunda guerra mundial. O mundo mudou, os países mudaram, os continentes querem estar representados e não há nenhuma explicação para que só os vencedores da segunda guerra sejam os que mandam e dirijam o conselho de segurança (…). Se tem uma coisa que precisamos de uma governança global é de governança climática. Que tenha poder de decisão definitiva poque senão o tempo passa e as coisas não são cumpridas”, completou.
Para o presidente eleito o combate às mudanças climáticas está relacionado às políticas sociais de combate à pobreza. Em seu discurso disse ser preciso tirar os acordos firmados, que tornam disponíveis recursos para os países em desenvolvimento, “em especial para que os mais pobres possam enfrentar as consequências dos problemas criados especialmente pelos mais riscos, mas que atinge de maneira mais forte os mais vulneráveis”.
“Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços de mundo para construção de um planeta mais saudável, de um mundo mais justo e capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes”, falou Lula.
Além disso, Luiz Inácio diz ter ouvido de líderes de diversos países que “o mundo sente saudade do Brasil”, e reafirmou o compromisso de retomar os laços mundiais. Complementando o discurso feito em 30 de outubro, em que disse não existir dois Brasis, destacou que não existem dois planetas terra, e que “somos uma única espécie chamada humanidade”.
Conjugados aos movimentos de meio ambiente, o presidente eleito anunciou que seu governo irá investir em transição energética, em energia eólica, solar e hidrogênio verde e biocombustíveis, que são áreas que Brasil tem potencial imenso, em particular no Nordeste, que possui potencial ainda a ser explorado.
Da mesma forma, apontou que cuidar das questões ambientais é melhor a qualidade de vida e nos centros urbanos, com alternativa de meio de transporte com menor impacto de emissão, e adoção de práticas da indústria e saneamento básico.
Para a produção agrícola, prevê a produção com equilíbrio, sequestrando carbono e protegendo a biodiversidade, com a regeneração do solo em todos os nossos biomas e aumento da renda para agricultores e pecuarista.