As incertezas sobre a nova gestão da Petrobras pesaram sobre as ações da companhia no pregão desta terça-feira, 22 de novembro, enquanto o mercado discute quem vai liderar a estatal a partir de 2023 e qual será a estratégia de crescimento da companhia. Em meio às dúvidas, o banco suíço UBS cortou a recomendação das ações da petroleira de compra para venda, ao mesmo tempo em que reduziu o preço-alvo dos papeis preferenciais (PETR4) de R$ 47 para R$ 22.
Por volta de 17h30 (de Brasília), as ações ordinárias (PETR3) recuavam 1,15% no pregão de hoje, a R$ 26,68, enquanto as preferenciais tinham queda de 2,17%, a R$ 23,01.
A revisão da recomendação do banco se somou aos receios do mercado depois que o senador Jean Paul Prates (PT-RN), que lidera os trabalhos do subgrupo de petróleo, gás natural e biocombustíveis no governo de transição, afirmou que o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, se comprometeu a suspender qualquer decisão de “caráter estrutural e estratégico” na companhia até a mudança de governo.
O senador, que é tido como um dos principais nomes para assumir o comando da Petrobras, se reuniu hoje com o ministro Sachsida, e posteriormente falou com jornalistas sobre a preocupação do futuro governo sobre as vendas de ativos pela estatal neste fim de mandato.
O relatório do UBS destacou que desde 2016, a Petrobras reduziu seu endividamento, avançou nas vendas de ativos e concentrou esforços nas atividades mais rentáveis, ao mesmo tempo em que distribuiu valores expressivos aos acionistas como dividendos. “Seis anos se passaram e agora nós acreditamos que essas fases estejam num caminho de reversão, com os próximos anos parecendo mais sombrios do que os feitos alcançados pela Petrobras”, escreveram os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.
A nova recomendação também considera as incertezas sobre a política de preços exercida pela companhia. Os analistas esperam que as margens de refino fiquem mais justas, considerando as críticas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à paridade com os preços internacionais, praticada pela companhia.
“Nós também achamos que há muitos riscos envolvidos com o aumento dos investimentos, já que no passado a Petrobras não conseguiu diversificar para ativos não relacionados ao petróleo com lucratividade, uma tendência que poderá voltar”, escreveram, se referindo aos planos futuros da estatal de investir em energias renováveis. Com o retorno dos investimentos em outras atividades, o UBS estima que os dividendos devem voltar para patamares mais modestos, da ordem de 25% do lucro.