Novo “ato de sabotagem” atingiu, na tarde de ontem (12/1), por volta das 14:27, outra rede de alta tensão de energia elétrica que integra o Sistema Interligado Nacional (SIN). Desta vez, a ação de vandalismo afetou a linha de 440 kilovolt (kV) Assis-Sumaré, localizada no município de Rio das Pedras (SP). A rede é operada por concessionária do grupo Taesa.
O Valor Econômico informa que, em relato preliminar enviado às autoridades do setor, a transmissora disse ter registrado “claras evidências de tentativa criminosa de derrubada da torre ao retirar várias peças de sustentação de sua estrutura”. A empresa enviou equipes para o local para recompor as “treliças, na tentativa de evitar maiores danos”.
A reportagem ressalta que esse é o quarto caso de ataque a torres de transmissão de energia no país, desde a radicalização de grupos bolsonaristas que invadiram, no domingo (8/1), as sedes dos três poderes, em Brasília. A ação criminosa já foi confirmada ao Valor pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que reportou o caso ao Ministério de Minas e Energia (MME) e às autoridades de segurança pública.
“A empresa está atuando nas avarias detectadas. Não houve dano significativo nas instalações de transmissão e não ocorreu interrupção do fornecimento de transmissão de energia”, informou a agência reguladora, lembrando que o caso em questão ocorreu após a determinação ao setor de reforço na segurança das instalações.
Rede elétrica requer recursos contra ataques
Os ataques a três torres de transmissão de energia, no Paraná e em Rondônia, entre a noite de domingo (8/1) e a madrugada de segunda-feira (9/1) não devem trazer impactos relevantes ao consumidor a curto prazo, pois não foram verificados prejuízos financeiros significativos nem problemas na operação do sistema elétrico. A médio e longo prazos, porém, os custos para lidar com ocorrências e ataques físicos e cibernéticos em infraestrutura crítica vão recair sobre a conta de luz, dizem especialistas ouvidos pela reportagem do Valor Econômico.
A reportagem ressalta que a situação provou que o sistema elétrico é robusto e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é reconhecido pelo grau de qualificação técnica para administrar uma rede que totaliza cerca de 175 mil quilômetros de extensão. A questão é que ataques com motivação política são raros no país, senão inéditos, o que exigiria a construção de novas linhas que reforçariam a redundância, termo que descreve medidas para aumento da segurança da rede elétrica.
Especialistas dizem que se situações como essa se tornarem recorrentes o ONS terá que aumentar o critério de segurança, o que terá custos para o consumidor. Os ataques causaram apenas um impacto pontual em localidades rurais em Rondônia, que tiveram problemas de fornecimento de energia, de acordo com a Eletronorte, dona de uma das linhas afetadas. Um dos circuitos do chamado Linhão do Madeira, de 2 mil quilômetros de extensão, que transporta a energia das hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, também foi danificado. O ataque paralisou por dois minutos a geração de 14 turbinas das duas usinas, sete em cada uma, disse o ONS ao Valor.
Vestas vai ampliar atuação no país e avalia fábrica no RN
Interessada no crescimento do mercado de eólicas em alto-mar (offshore) e hidrogênio verde, o grupo dinamarquês Vestas, fabricante de aerogeradores, estuda ampliar sua atuação no Brasil, seja por meio da ampliação de sua fábrica em Aquiraz, no Ceará, ou com uma nova unidade no Rio Grande do Norte. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o investimento não foi divulgado.
A expansão da empresa visa o potencial para implantação de novas usinas em alto-mar, que segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) alcançam 700 gigawatts (GW) de capacidade. Até dezembro de 2022, o órgão já havia cadastrado 70 projetos, com capacidade para produzir 176,5 GW. A reportagem ressalta que, além disso, há o interesse do país em se tornar um dos maiores produtores do hidrogênio verde, especialmente visando a exportação.
Segundo o presidente global da Vestas, Henrik Andersen, aumentar a presença no Brasil faz sentido porque é parte da estratégia da empresa fabricar os equipamentos perto de onde eles serão implantados. Hoje o país está entre os três principais mercados para a companhia, e na América Latina a Vestas é responsável por 56% dos aerogeradores implantados nas usinas eólicas. “Acho que as eólicas offshore são uma oportunidade em toda a América Latina e, em particular, no Brasil”, afirmou.
ANP vai revisar regras de movimentação e armazenamento de GNL
O Valor Econômico informa que a diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a realização de consulta e audiência públicas sobre a revisão das regras de movimentação e armazenamento de gás natural liquefeito (GNL) a granel.
O objetivo é avaliar o uso de modalidades alternativas aos dutos, como o transporte rodoviário, e revisar os critérios para a construção e operação de centrais de distribuição de GNL e da atividade de distribuição de GNL a granel, tendo em vista as inovações tecnológicas ocorridas no segmento nas últimas duas décadas.
A revisão das regras também vai contemplar as mudanças no mercado nacional depois da Nova Lei do Gás, que visou ampliar a concorrência no setor. Segundo a ANP, a intenção é modernizar a regulação para contemplar novos modelos de negócio e oferecer alternativas flexíveis para projetos de GNL em pequena escala, principalmente em região que não têm estrutura de dutos.
PANORAMA DA MÍDIA
O principal destaque da edição desta sexta-feira (13/1) do Valor Econômico é o anúncio feito pelo governo de seu primeiro pacote de ajuste fiscal, com foco maior no aumento da arrecadação e menos na redução de despesas. As medidas, segundo o Ministério da Fazenda, podem ter impacto de até R$ 242,6 bilhões, ou 2,26% do PIB – desses, apenas R$ 50 bilhões representam cortes de gastos. Se todo o potencial for alcançado, o déficit de R$ 231,5 bilhões previsto no Orçamento de 2023 poderia se transformar em superávit de R$ 11,13 bilhões. O ministro Fernando Haddad reconheceu que podem ocorrer dificuldades para implementação e que vai mirar um déficit primário entre 0,5% e 1% do PIB neste ano. “Vamos perseguir esta meta”, disse. O déficit previsto no Orçamento é de 2,3% do PIB.
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Os jornais O Globo e Folha de S. Paulo dão como principal destaque a revelação de que a Polícia Federal encontrou na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, uma minuta (proposta) de decreto para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo, segundo o texto, era reverter o resultado da eleição, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor.
A Folha de S. Paulo ressalta que tal medida seria inconstitucional. O documento de três páginas, feito em computador, foi encontrado no armário do ex-ministro durante busca e apreensão realizada na última terça-feira (10/1). A PF vai investigar as circunstâncias da elaboração da proposta.
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Quatro dias depois de extremistas tentaram provocar uma intervenção militar no país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endureceu o discurso em relação às Forças Armadas e afirmou que elas “não são o poder moderador que pensam ser”. Num contexto de críticas e queixas sobre a atuação do Exército na invasão ao Palácio do Planalto por uma horda de bolsonaristas, Lula admitiu ao jornal O Estado de S. Paulo que “perdeu a confiança” em parcela dos militares da ativa. O jornal informa que a situação motivou uma mudança inédita na Presidência da República. Pela primeira vez, um presidente rejeitou ter militares fardados como ajudantes de ordens.