A desaceleração econômica dos países desenvolvidos e os efeitos da crise global de energia devem pressionar a demanda mundial de energia elétrica, que deve crescer menos de 2% em 2023, abaixo do percentual de 2,3% registrado em 2022, conforme previsão do novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Publicado nesta quarta-feira, 19 de julho, o documento projeta que a demanda por eletricidade em economias como dos Estados Unidos deve cair 2% neste ano, enquanto o Japão e a União Europeia devem registrar uma queda de 3%.
Uma das regiões mais afetadas negativamente com a guerra entre Ucrânia e Rússia é a União Europeia, onde a retração profunda de consumo foi vista pela última vez em 2002. Os países que compõem o bloco europeu já tomaram, ao longo do conflito, uma série de medidas para neutralizar a volatilidade dos preços de energia, especialmente do gás, que foi mercado mais afetado pelo conflito.
Mesmo com as previsões de desaceleração na demanda global por energia, o relatório da agência internacional sugere que deve ocorrer uma expansão da demanda em muitas regiões, como, por exemplo, na China, que deve crescer a uma média anual de 5,2% nos próximos dois anos.
Impacto das renováveis
O crescimento global na implantação das fontes renováveis ajudará a atender um possível crescimento adicional na demanda global de eletricidade nos próximos anos. Segundo a IEA, em 2024, a geração renovável será responsável por um terço da demanda mundial, e, dependendo das condições climáticas, este pode se tornar o primeiro ano em que as fontes renováveis gerarão mais energia do que o carvão.
Ao mesmo tempo, o estudo aponta que a eletricidade gerada a partir de combustíveis fósseis deve diminuir nos próximos dois anos. A geração a partir de derivados do petróleo deve recuar significativamente, enquanto a geração a partir do carvão diminuirá ligeiramente em 2023 e 2024, após aumentar 1,7% em 2022, aponta a agência.
“A necessidade mundial de eletricidade deve crescer fortemente nos próximos anos. O aumento global da demanda até 2024 deve ser equivalente à cerca de três vezes o consumo atual de eletricidade da Alemanha”, afirma Keisuke Sadamori, diretor de mercados de energia e segurança da IEA.
Para a agência, este é outro sinal de que a transição energética está ocorrendo. No passado, declínios anuais na geração de energia elétrica a partir de combustíveis fósseis são raros e ocorreram principalmente após choques energéticos e financeiros, quando a demanda global de eletricidade foi deprimida.