A Petrobras disse haver “sinergia” com as atividades da Braskem, sobretudo quando o polo Gaslub (RJ) entrar em operação, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2024. Apesar disso, a petroleira nega que haja decisão de compra da Braskem, limitando-se a afirmar que vai analisar as ofertas firmes para eventualmente exercer seu poder de compra preferencial.
Segundo o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Gaslub vai liberar uma “disponibilidade enorme” de compostos C2+, usado como matéria-prima para a indústria petroquímica.
“Há muita sinergia com a Petrobras e vamos analisar [uma eventual compra da Braskem]”, disse França no dia 19 de julho, em evento com jornalistas. Ele também ressaltou ser importante fazer uma análise fabril, além do due diligence de dados, para embasar uma eventual decisão.
Mesmo assim, a Petrobras diz que não vai se pronunciar sobre uma eventual compra da fatia da Braskem pertencente à Novonor (ex-Odebrecht)
Uma das principais empresas petroquímicas do mundo, a Braskem é controlada pela Novonor, que detém 50,1% das ações com direito a voto (ordinárias) da companhia, e 38,3% do total. A Petrobras é a segunda maior sócia, com 47% das ações ordinárias e 36,1% do total.
Depois de anos à venda, a Braskem virou alvo de disputa de interessados na sua aquisição, e a Novonor já recebeu ofertas da Unipar e da J&F, além do fundo Apollo em parceria com a Adnoc. A Petrobras já pediu o acesso à sala de dados virtuais da empresa (data room), uma vez que tem direito de preferência, ou seja, pode cobrir a oferta recebida de terceiros e comprar a fatia da Novonor, ou pode ainda exercer o tag along e vender sua fatia pelo mesmo valor conseguido pela sócia majoritária.
No evento com jornalistas no dia 19 de julho, a Petrobras disse estar acompanhando a movimentação de interessados, mas afirmou que não vai se posicionar antes que haja alguma proposta firme – o que, segundo o presidente da companhia, Jean Paul Prates, faz parte da estratégia de quem tem o direito de preferência. “Nós temos o privilégio de poder ser os últimos a dizer alguma coisa”, disse Prates.
“As propostas são não vinculantes, dependem que as condições sejam aceitas pela Novonor e seus credores. Os bancos não se pronunciaram, os credores, a própria Novonor não se pronunciou. Não tem proposta firme ainda, as propostas estão condicionadas a due diligence que está começando agora”, disse o diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Sergio Caetano Leite. Segundo o executivo, o processo de due diligence de uma empresa do porte da Braskem “não costuma levar menos de seis meses, um ano”.