Os investimentos em green bonds relacionados ao consumo, comunicação e energia tiveram queda superior a 40% em 2022, na comparação com o ano anterior. No total, US$ 1,5 trilhões foram destinados à emissão dos títulos verdes no ano passado, declínio de 16% na mesma comparação, segundo o relatório ‘Energy Transition Factbook: prepared for the 14th Clean Energy Ministerial’ da BloombergNEF.
No relatório, a BloombergNEF aponta que o declínio foi impulsionado pelos greenwashing, ação caracterizada pela intenção de apresentar uma falsa aparência de sustentabilidade, somada à alta de juros e da inflação mundial.
Os títulos verdes são papéis de dívida emitidos especificamente para financiar projetos relacionados a questões ambientais e/ou sociais. O dinheiro captado via green bonds é certificado e só pode ser destinado para o projeto específico declarado pela empresa ou governo no momento da emissão. Entre os tipos mais comuns de projetos associados à emissão dos títulos estão aqueles relacionados às energias renováveis, redução de emissões de gás carbônico e eficiência energética.
Em outro relatório assinado por Maia Godemer, pesquisadora de Finanças Sustentáveis da BloombergNEF, publicado em 19 de julho deste ano, a entidade afirma que o universo dos green bonds possui cláusulas, termos e condições “inúteis”, com cronogramas vagos e metas opacas – tudo projetado para proteger os emissores.
Segundo Godemer, corrigir o curso poderia liberar trilhões de dólares em investimentos, ajudando na descarbonização global.
“Alguns emissores têm centenas de milhões de dólares em multas de taxas de juros em jogo. Mas corrigir o curso poderia liberar trilhões de dólares em investimentos, conduzindo a descarbonização de uma forma que nenhum outro instrumento financeiro pode”, diz a pesquisadora.
O estudo da Bloomberg sugere que o caminho para regularizar os títulos verde ainda é longo e que uma possível solução seria a adoção da taxonomia verde, espécie de classificação de atividades econômicas que permite identificar quais atividades contribuem com impactos positivos para o meio ambiente e aqueles que oferecem riscos.