A Petrobras enviou comunicado informando que tem observado “com atenção” os desdobramentos do mercado internacional do petróleo, e que eventuais reajustes de preços de combustíveis, quando necessários, “serão realizados suportados por análises técnicas e independentes”.
Em julho, os preços do petróleo tipo Brent tiveram valorização de mais de 13%, enquanto o barril do WTI subiu mais de 15%. Nesta segunda-feira, 31 de julho, o barril do Brent é negociado a US$ 85,49, enquanto o WTI sai a US$ 81,88.
O movimento de alta do petróleo acentuou a defasagem dos preços de combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil. Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em 27 de julho, a gasolina vendida pela Petrobras estava com desconto de 29,54% em comparação com a referência internacional, equivalente a R$ 1,06 por litro, enquanto o diesel era vendido com deságio de 18,24%, ou R$ 0,68 por litro.
O gás liquefeito de petróleo (GLP), por sua vez, era negociado com prêmio de 29,95% ante a referência internacional, equivalente a R$ 0,56 por litro.
O último reajuste efetuado pela Petrobras nos preços de gasolina foi uma redução de 5,2%, em 1º de julho, quando o GLP sofreu redução de 3,91%. Já o diesel teve uma redução de 12,55% em 17 de maio.
Em nota, a Petrobras reiterou que sua estratégia comercial de preços de combustíveis, aprovada em maio, permite à empresa “competir de forma mais eficiente, levando em consideração a sua participação no mercado”. Por isso, os reajustes são feitos sem periodicidade definida, evitando assim o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural do petróleo e do câmbio.
Segundo a estatal, a alta dos preços de combustíveis no mercado internacional reflete as incertezas sobre a recuperação da economia global. Ao mesmo tempo, nesse período, houve aumento da importação de combustivel do Brasil da Rússia.
Dividendos
O desconto nos preços de combustíveis foi ofuscado nesta segunda-feira pela reação positiva do mercado sobre o anúncio da Petrobras a respeito da sua política de dividendos.
A companhia informou na sexta-feira, 27 de julho, que seu conselho de administração aprovou a mudança na política de remuneração aos acionistas, de acordo com a nova estratégia da empresa, que inclui voltar a investir em novos ativos, incluindo de baixo carbono, como geração renovável e novas tecnologias.
O percentual mínimo do fluxo de caixa livre (diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos) a ser distribuído como proventos aos acionistas saiu de 60% para 45%.
De acordo com Carolina Chimenti, analista sênior da Moody’s, a nova política de dividendos não afeta a qualidade de crédito da Petrobras, uma vez que vai permitir maior retenção de caixa, protegendo seu balanço frente investimentos ou aquisições.
Para o BTG Pactual, a política veio “menos pior” do que o esperado, o que reduz o risco associado às ações da Petrobras.
Um ponto de atenção está na mudança da metodologia da companhia para calcular os investimentos, que vão passar a incluir, além de aquisições de imobilizados e intangíveis, aquisições de participações societárias, inclusive em controladas da empresa. Para Pedro Soares e Thiago Duarte, analistas do BTG, essa mudança vai dificultar que o mercado analise os investimentos de curto prazo da companhia.
Como o cenário esperado pelo mercado era de uma mudança mais drástica, as ações reagiram bem. No pregão de hoje, 31 de julho, as ações ordinárias (PETR3) da Petrobras subiram 5,26%, a R$ 34,74, enquanto as preferenciais (PETR4) tiveram alta de 4,54%, a R$ 31,10.