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Com projetos entrando em operação, lucro da AES Brasil dispara quase 300% no 2º trimestre

A AES Brasil obteve lucro líquido de R$ 35,9 milhões no segundo trimestre do ano, aumento de 286,1% em comparação com o lucro de R$ 9,3 milhões registrado entre abril e junho de 2022. O resultado reflete o crescimento da geração de caixa da companhia, por conta do início da operação parcial dos complexos eólicos Tucano e Cajuína, além da aquisição dos ativos Ventos do Araripe, Caetés e Cassino, concluída em novembro do ano passado.

Com projetos entrando em operação, lucro da AES Brasil dispara quase 300% no 2º trimestre

A AES Brasil obteve lucro líquido de R$ 35,9 milhões no segundo trimestre do ano, aumento de 286,1% em comparação com o lucro de R$ 9,3 milhões registrado entre abril e junho de 2022. O resultado reflete o crescimento da geração de caixa da companhia, por conta do início da operação parcial dos complexos eólicos Tucano e Cajuína, além da aquisição dos ativos Ventos do Araripe, Caetés e Cassino, concluída em novembro do ano passado.

“O mercado sempre nos perguntava sobre o resultado depois que fizemos aquisições. E, agora, vemos o Ebitda de um ano contra o outro com 45% de crescimento, a materialização de tudo que temos prometido há algum tempo”, disse Rogério Jorge, presidente da AES Brasil, em entrevista à MegaWhat sobre os resultados do período.

O executivo se referiu ao crescimento de 45,2% no resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), que somou R$ 347,5 milhões no trimestre. A receita operacional líquida, por sua vez, subiu 22,9%, a R$ 763 milhões.

Com as aquisições e início de operação dos projetos, a geração eólica bruta da companhia subiu 116,3% entre o segundo trimestre do ano passado e o mesmo período de 2023, chegando a 1.019,5 GWh. A geração solar ficou quase estável, com alta de 1,2%, a 140 GWh, e a geração hídrica cresceu 52,9%, a 2.754 GWh. No caso das hidrelétricas, o volume maior de energia gerada, por conta da melhora nas afluencias, ajudou a compensar os preços menores de energia, segundo o executivo.

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Mais geração, menos dívida

A tendência para os próximos meses é de crescimento do faturamento com geração, com o avanço das obras de Cajuína e Tucano. Segundo José Simão, diretor Financeiro da companhia, Tucano, de 322 MW, está com 99% das obras concluídas, com 35 dos 52 aerogeradores em operação comercial, enquanto Cajuína está com avanço de 97% na fase 1, de 314 MW, com 20 das 55 turbinas operando. Já a fase 2 de Cajuína, de 370 MW, está com 63% das obras concluídas, e deve entrar em operação comercial ainda este ano, com conclusão nos primeiros meses de 2024.

A entrada em operação dos projetos vai ajudar ainda na redução do endividamento da companhia. No trimestre, a dívida liquida da companhia cresceu 72,5%, a R$ 7,9 bilhões, com prazo médio de amortização de 4,4 anos, e 56% do custo atrelado ao CDI.

“Chegamos num ponto de inflexão, os projetos começaram a entrar e a gerar Ebitda, então naturalmente a desalavancagem vai acontecer”, disse Simão. A companhia também acompanha a abertura do mercado de capitais e a redução das taxas de juros, quando vai buscar renegociar e alongar os prazos das dívidas “ponte” tomadas no curto prazo para garantir a conclusão das obras. “O mercado começou a abrir, tem banco vindo, o que mostra que nossa estratégia foi acertada”, disse.

Com as renegociações, a empresa deve alongar o prazo da dívida e substituir o CDI pelo IPCA, indicador mais favorável já que seus contratos são indexados ao IPCA.

Novos PPAs

O foco da AES está na conclusão de obras e redução do endividamento, mas nem por isso a companhia está deixando de negociar novos contratos de venda de energia (PPAs, na sigla em inglês). “Temos feito, numa velocidade menor, contratos de longo prazo”, disse Jorge, lembrando de um grande contrato assinado no primeiro trimestre do ano, de 153,9 MW de Cajuína por 15 anos.

“Sempre temos 30 a 40 propostas em andamento”, disse o executivo. Segundo ele, em breve os contratos de venda de energia de longo prazo voltarão a sair do papel, com a redução dos juros e o início da queda do custo dos equipamentos de geração eólica e solar. Os compromissos com descarbonização dos clientes reforçam a expectativa positiva da companhia. “Ali no horizonte de 2027 e 2028 vemos muita demanda”, disse.

Enquanto isso, a AES optou por aderir ao mecanismo excepcional aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para “anistiar” projetos com contrato de uso do sistema de transmissão (Cust) que não irão entrar em operação no momento. Segundo Simão, a empresa decidiu aderir para evitar carregar a tarifa de transmissão (Tust) desses projetos, uma vez que eles serão desenvolvidos apenas daqui alguns anos.

“Mas, nós temos projetos na fila aguardando conexão, e com a margem liberada teremos chance disso. Mandamos alguns projetos para o final da fila, e teremos outros no começo”, disse Jorge. Segundo ele, foi um ajuste de cronograma “saudável” para a empresa.

A preferência da AES era pela alteração do cronograma de execução de obra sem custo, como acontecia antes da “corrida do ouro” de projetos de geração com desconto no uso da rede. No entanto, a empresa entendeu a decisão da Aneel como mais “sustentável” ao setor por liberar o espaço em rede ocupado antes por demanda de papel.

Aposta no varejo

Outra vertente de crescimento da carteira da AES é por meio de consumidores pequenos, que migram por meio da sua comercializadora varejista. Segundo Jorge, a varejista da empresa já teve aumento de 52% nas vendas em comparação com o fim de 2022, e continua competindo para estar entre as maiores do país em volume de energia e número de clientes.

A abertura do mercado livre para o consumidor de alta tensão a partir de janeiro de 2024 é uma oportunidade aguardada pela companhia, que vem preparando seu modelo de negócios para isso já há alguns anos, quando estruturou seu segmento de varejo apostando em plataformas digitais, automação e parceiros. “Temos energia descontratada incentivada para vender para esse segmento”, disse Jorge.

Segundo ele, como a companhia já tinha o produto estruturado, já estava com “a segunda engatada” quando saiu a portaria definindo a abertura para alta tensão em 2024. “Só trocamos para a terceira. Quando o preço caiu, ficou mais fácil ainda, quase pescar no aquário”, brincou.

A diferença está sendo o aumento da concorrência. Antes, a AES tinha poucos competidores no segmento de varejo, o que mudou desde então. “Mas, ainda temos a grande vantagem de termos começado antes”, disse.