Recém privatizada, a Copel continua procurando oportunidades de investimentos em novos ativos de geração renovável, e não descarta aumentar a distribuição de dividendos se não encontrar negócios “que agreguem valor à companhia”.
“O mercado, com esses preços baixos, não tem aparentado nada muito atrativo com retorno que achamos razovável e que agregue valor à companhia. Se não tivermos oportunidades, o caminho é pagar mais dividendos”, disse Daniel Slaviero, presidente da Copel, em teleconferência sobre os resultados da companhia no segundo trimestre do ano.
A Copel teve lucro líquido de R$ 307,7 milhões no trimestre, revertendo um prejuízo de R$ 522,3 milhões obtido no mesmo período do ano passado. A principal mudança entre um ano e outro foi no resultado financeiro da companhia, que tinha sido negativo em R$ 1,28 bilhão no segundo trimestre de 2022, cenário que melhorou consideravelmente neste ano, com um saldo negativo 81% menor, de R$ 243,5 milhões.
A receita líquida da companhia subiu 1,9% no período, a R$ 5,36 bilhões, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 14,7%, a R$ 1,28 bilhão. Ao fim do trimestre, a Copel tinha R$ 4,445 bilhões em caixa, 66% a mais que no fim de dezembro de 2022.
Na semana passada, a Copel concluiu a oferta de R$ 4,5 bilhões em ações, sendo R$ 1,9 bilhão para seu caixa, o que marcou sua privatização.
Na teleconferência dos resultados, Slaviero comemorou o sucesso da operação e falou sobre a estratégia da companhia, que continua sendo de buscar investimentos em renováveis, transmissão, além da sua área de concessão de distribuição, que deve receber recursos robustos no ciclo tarifário vigente, que devem resultar em uma base de ativos regulatória maior no momento da revisão.
Em relação à agenda de desinvestimentos, a empresa segue em busca de compradores para a termelétrica Araucária, na qual tem 82%. Segundo Slaviero, a Copel vai consultar a Petrobras se a empresa pretende continuar com a venda conjunta dos seus 18% na usina.
“Se sim, que acho que é o melhor caminho, ótimo. Se não, a Copel vai sozinha com seus 82%”, explicou. Ele disse que a empresa ja recebeu consultas sobre o ativo, que, por estar descontratado, não deve ter condições tão favoráveis de venda. “Se entrássemos num leilão e contratássemos, o retorno para a companhia seria melhor, mas o cenário é incerto. O leilão era outubro, passou para março, e com esse excesso de oferta não me surpreenderia se fosse prorrogado novamente”, disse.
A Copel, contudo, não vai “entregar a qualquer preço”. A ideia é seguir no processo e realizar a venda até o início de 2024, “a não ser que a conjuntura seja muito ruim ou as propostas desrespeitosas”, disse.