As ações da Eletrobras operam com queda de mais de 3% no pregão desta terça-feira, 15 de agosto, depois que Wilson Ferreira Junior surpreendeu o mercado ao renunciar da presidência da companhia. Segundo analistas, a reação negativa se deve às incertezas e a ausência de explicação sobre a saída de Ferreira, mas o movimento logo deve ser revertido, uma vez que o novo CEO, Ivan Monteiro, é um nome respeitado no mercado, principalmente pelo seu papel de destaque na recuperação da Petrobras após a Lava-Jato.
“Ivan Monteiro é um gestor respeitado, com passagens positivas na Petrobras e no Banco do Brasil, o que mitiga qualquer impacto negativo relevante no processo de turnarounding da companhia, na nossa visão”, escreveram os analistas Andre Sampaio, Guilherme Lima e Junia Zaniolo, do Santander.
Para o BTG Pactual, a surpresa foi ainda maior, pois o banco sediou um encontro com Ferreira ainda ontem. Em relatório, os analistas João Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Rezende citaram uma reportagem do Valor Econômico, que associou a renúncia de Wilson com visões divergentes do conselho – o que converge com a apuração da MegaWhat com fontes próximas da situação.
“De qualquer forma, a companhia ainda tem um conselho muito bom e ativo, e com um novo CEO, acreditamos que deve continuar no caminho de entregar seu potencial como empresa privada”, escreveram os analistas do BTG.
O UBS BB destacou em relatório os feitos de Wilson à frente da Eletrobras, principalmente na sua primeira passagem, entre 2016 e 2021, quando implementou medidas importantes para melhorar a governança, reduzir custos e administrar a dívida. Segundo os analistas Giuliano Ajeje e Gustavo Cunha, Ivan Monteiro pode tentar melhorar as relações com o governo federal, uma vez que a União questiona o limite no direito ao voto dos acionistas da companhia, uma das condições da sua privatização, realizada ano passado.
Considerando o histórico de Ivan Monteiro na Petrobras, os analistas do UBS esperam que sua gestão na Eletrobras se concentre em corte de custos e na revisão das participações nas subsidiárias, deixando o crescimento por meio de aquisições para o futuro.
“Ivan Monteiro também tem um currículo de ponta. Ele é um executivo sólido, que exerceu um papel enorme na recuperação do Banco do Brasil e da Petrobras. Ele é inteligente, sério, sabe quando ouvir com frequência e quando agir. Essa não será a primeira vez que ele será chamado a um desafio”, escreveu Antonio Junqueira, analista do Citi.
O Itaú BBA também aposta na condução da empresa por Ivan Monteiro. “Sentiremos falta da liderança de Ferreira, mas a Eletrobras agora tem uma estratégia clara do que precisa fazer para criar valor nos próximos anos, e um excelente time para implementar isso”, escreveram os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota, Matheus Botelho Marques e Victor Cunha.
A falta de clareza sobre as mudanças na gestão foi um ponto destacado pelos analistas Daniel Travitzky, Carol Carneiro e Mario Wobeto, do Safra. Para eles, o histórico de Ivan Monteiro é bom para a Eletrobras, mas ainda são necessárias mais informações para que possam fazer uma avaliação mais completa dos efeitos da mudança no comando da empresa.
Aposta na Eletrobras
Apesar da surpresa e das reações iniciais negativas, todos os bancos continuam apostando na valorização das ações da Eletrobras, e reiteraram as recomendações de compra para os papéis.
No caso do Santander o preço-alvo das ações preferenciais classe B (ELET6) é de 59,49, enquanto o UBS BB aposta no preço de R$ 58 para o papel. O Safra tem preço-alvo de R$ 53,10 para a ELET6.
Para as ações ordinárias da Eletrobras (ELET3), o BTG Pactual tem como preço-alvo R$ 53. O Citi aposta em R$ 51, enquanto o Itaú BBA tem como preço-alvo R$ 61,60.
Por volta de 15h30 (de Brasília), a ELE3 recuava 3,57%, a R$ 35,10, e a ELET6 tinha queda de 3,56%, a R$ 39,52.