Duas semanas depois de anunciar 23 GW em projetos de eólicas offshore protocolados junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e de firmar parceria com a WEG para a produção de aerogerador para eólica onshore de 7 GW de capacidade de geração, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reafirmou a vocação petrolífera da companhia.
“Somos uma empresa de petróleo, temos muito orgulho disso. Queremos ser um daqueles grupos clássicos que serão os últimos a produzir petróleo, porque isso é o que sabemos fazer de melhor. Queremos priorizar e produzir petróleo”, disse Prates XI Seminário sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira e o 16º BEP – Brazil Energy Power, realizado pela Fundação Getúlio Vargas e pela Câmara de Comércio Americana (Amcham), nesta quinta-feira, 28 de setembro, no Rio de Janeiro.
Prates explicou que a geração renovável e demais operações voltadas à transição energética serão introduzidas “gradualmente, com muita responsabilidade e parcimônia”. Segundo ele, estes negócios são complementares à exploração de óleo e gás. Como exemplos, mencionou a captura, uso e armazenamento de petróleo (CCUS), que seria complementar à exploração upstream, e o hidrogênio, que tem sinergias com o negócio de gás natural em relação ao transporte e escoamento.
O executivo também voltou à analogia de que, para a Petrobras, que tem atividades offshore de óleo e gás, explorar eólicas offshore seria como “Playmobil”, pois se trata de uma atividade menos complexa e com menos riscos.
Com base em tecnologia e com a liberação da regulação, Prates acredita que a geração de hidrogêncio e de eólicas offshore está próxima. “Não estamos longe de ter uma realidade de eólicas offshore e hidrogênio verde. Logo teremos um preço que andará junto com o gás natural. Não é verdade que é impossível hoje analisar a viabilidade de projetos offshore e de hidrogênio, é perfeitamente factível – claro que com uma margem de erro maior”, disse o presidente da Petrobras.
“Margem Equatorial não é dissonante nem um novo Eldorado, é apenas uma nova fronteira”
Em relação à exploração de petróleo na Margem Equatorial, Prates minimizou os impactos ambientais da atividade próximo à floresta amazônica e também disse que a fronteira “não é um novo Eldorado”.
Segundo o presidente da Petrobras, as atividades de óleo e gás na região não é um problema ambiental. “A produção offshore a 180 km da costa da Amazônia ajuda a Amazônia com royalties, participações governamentais, movimento da economia, empregos. Ajuda a floresta a se conservar porque não estamos dentro da floresta, estamos lá fora. A mitigação é altamente possível. É usar um recurso a favor de criar economia na floresta, gerar recursos de verdade para fazer preservação, escoar a economia circular de lá”, defendeu Prates.
Diesel renovável em cinco refinarias até o fim do ano
Entre as iniciativas de transição energética e inovação da Petrobras, Prates mencionou o diesel renovável, com a mesma especificação do diesel comum, mas que é produzido a partir de óleo vegetal. Atualmente, o combustível é processado na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar, no Paraná) mas, segundo o executivo, até o fim do ano chegará à Refinaria Duque de Caxias (Reduc, no Rio de Janeiro), Refinaria de Paulínia (Replan, São Paulo), Refinaria Presidente Bernardes (RBPC, São Paulo) e Refinaria Carapuava (Recap, SP). Em 2025, a Rnest também deverá processar o combustível e a refinaria de Rio Grande “vai se transformar na primeira refinaria integralmente processadora de óleo vegetal”, disse Prates.